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domingo, 17/08/2025

vespa brasileira pode ajudar no tratamento do Alzheimer

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A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência no mundo e afeta aproximadamente 55 milhões de pessoas, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, mais de 1,2 milhão de indivíduos vivem com essa condição, número que tende a aumentar com o envelhecimento da população.

Para encontrar novas formas de retardar o avanço da doença, um grupo multidisciplinar da Universidade de Brasília (UnB) está criando peptídeos — que são pequenas cadeias de aminoácidos formando proteínas com potencial terapêutico — capazes de impedir a formação de placas de beta-amiloide, uma proteína ligada ao Alzheimer.

O projeto, apoiado pelo programa FAPDF Learning 2023, é liderado pela professora Luana Cristina Camargo, do Instituto de Psicologia da UnB. A equipe reúne especialistas do Instituto de Física, Faculdade de Farmácia e do Laboratório de Neurofarmacologia, unindo áreas como física, bioinformática, nanotecnologia e farmacologia em um esforço conjunto.

O ponto inicial da pesquisa foi um peptídeo chamado octovespina, que é extraído do veneno da vespa social Polybia occidentalis, uma espécie presente na biodiversidade brasileira. Estudos anteriores já mostraram que esse composto pode reduzir a formação de placas de beta-amiloide.

Luana explica: “Nosso objetivo foi aprimorar a octovespina para aumentar sua eficácia usando métodos menos invasivos, aproveitando a bioinformática para criar moléculas mais eficientes.”

Próximos passos

A equipe desenvolveu um análogo da octovespina, modificando um aminoácido para melhorar a absorção pelo organismo. A aplicação por via intranasal mostrou resultados promissores e já teve pedido de patente registrado.

Outra inovação foi a criação da alzpeptidina, uma molécula híbrida que combina partes da octovespina e de outro peptídeo do laboratório chamado fraternina. Simulações indicam que a alzpeptidina pode atravessar a barreira hematoencefálica, que protege o cérebro, mas dificulta a chegada de medicamentos, e pode desmanchar as placas de beta-amiloide.

Os próximos testes envolverão avaliações em laboratório e modelos animais para verificar se esses peptídeos realmente bloqueiam a toxicidade da beta-amiloide e melhoram a função cognitiva. Para otimizar a entrega e eficácia dos compostos no cérebro, a equipe também usa nanotecnologia, que manipula materiais em escala nanométrica.

Apesar dos avanços, o projeto enfrenta desafios como atrasos na importação de reagentes e quedas no fornecimento de energia, que atrasaram experimentos delicados. Luana destaca a importância do apoio financeiro e administrativo da FAPDF, que tem facilitado a gestão do projeto.

Além do potencial tratamento, a pesquisadora enfatiza o valor da ciência nacional e da biodiversidade: “Assim como outras substâncias brasileiras viraram medicamentos, nosso estudo mostra que a riqueza natural do país pode inspirar soluções inovadoras para problemas de saúde pública.”

Se for bem-sucedido, o estudo poderá avançar para testes clínicos, oferecendo uma nova esperança no tratamento do Alzheimer.

O sucesso desse trabalho reforça o protagonismo do Brasil na busca por terapias avançadas para doenças complexas. A FAPDF contribui para isso, promovendo iniciativas científicas com impacto social significativo. Leonardo Reisman, diretor-presidente da fundação, afirma que “esse projeto combina conhecimento científico de alto nível com a biodiversidade brasileira para enfrentar um dos maiores desafios de saúde pública atualmente. Nosso papel é garantir que ideias assim possam prosperar e beneficiar a sociedade.”

*Informações fornecidas pela FAPDF

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