Um estudo divulgado nesta quarta-feira (12/11) pela organização não governamental Human Rights Watch revelou que mais de 252 venezuelanos enviados de volta para El Salvador, no contexto de uma deportação em massa promovida pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, relataram ter sido submetidos a tortura e outros tipos de maus-tratos, incluindo agressões sexuais, durante o tempo em que estiveram detidos.
O documento, com 81 páginas, reúne diversos relatos sobre violência e condições desumanas enfrentadas por esses venezuelanos, muitos buscando asilo político.
De acordo com o relatório, os venezuelanos permaneceram incomunicáveis na prisão de segurança máxima do Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) por cerca de quatro meses, até 18 de julho, quando foram deportados para a Venezuela como parte de um acordo de troca de prisioneiros entre os dois países.
Dando continuidade à promessa de combate à imigração irregular, Donald Trump adotou, em seu segundo mandato, uma política migratória mais rigorosa, promovendo a deportação massiva no começo do ano.
O relatório informa que foram ouvidas 40 pessoas que estiveram presas no Cecot e outras 150 com informações reputadas confiáveis sobre as experiências desses venezuelanos detidos, incluindo familiares e advogados.
Segundo o documento, os governos dos Estados Unidos e de El Salvador acusaram muitos desses indivíduos de serem “terroristas” ligados ao Tren de Aragua, um grupo criminoso venezuelano rotulado como organização terrorista estrangeira pelos EUA.
Maltratos e violência
Foi constatado que os detidos sofriam espancamentos frequentes e outras formas de abuso, incluindo violência sexual. Muitos desses atos são considerados tortura segundo a legislação internacional dos direitos humanos, conforme relatado pela organização.
Guardas e policiais antimotim agrediam os presos nos corredores e em uma cela isolada chamada “a Ilha”, localizada em uma seção do Cecot.
Os relatos indicam que as agressões ocorriam durante as revistas diárias, sob justificativas como violar regras do presídio — como falar alto com outros presos, tomar banho fora do horário permitido ou pedir atendimento médico.
Os venezuelanos passaram por agressões físicas desde o momento de sua chegada a El Salvador e durante todo o período em que permaneceram detidos.
