A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, anunciou nesta segunda-feira (27/10) que o governo venezuelano propôs a rescisão imediata do acordo de cooperação energética com Trinidad e Tobago. A ação é uma resposta direta às supostas ameaças militares atribuídas aos Estados Unidos na região do Caribe.
Em pronunciamento pela televisão estatal, Delcy Rodríguez informou que o Ministério de Hidrocarbonetos e a empresa estatal PDVSA recomendaram ao presidente Nicolás Maduro o encerramento do tratado firmado em 2015 entre os dois países. Esse acordo, renovado automaticamente em fevereiro, previa colaboração no fornecimento de gás e petróleo por 15 anos.
“Este é um território de paz, livre de armas nucleares, mas agora submarinos nucleares chegaram para ameaçar a Venezuela”, declarou Delcy Rodríguez. “Por essa razão, sugerimos ao presidente a rescisão imediata do acordo de cooperação energética com a República de Trinidad e Tobago.”
A vice-presidente mencionou também a presença do contratorpedeiro norte-americano USS Gravely em portos de Trinidad e Tobago, o que foi considerado por Caracas uma provocação hostil.
De acordo com o governo venezuelano, o navio, equipado com mísseis Tomahawk, integra uma frota enviada ao Caribe pelo Comando Sul dos EUA. O chanceler Yván Gil afirmou que desarticularam uma célula criminosa financiada pela CIA que planejava um ataque falso contra o navio americano para justificar uma intervenção militar na Venezuela.
“Comunicamos claramente ao governo de Trinidad e Tobago sobre o esquema planejado pela CIA: atacar um navio militar dos Estados Unidos e responsabilizar a Venezuela”, declarou Yván Gil em seu canal no Telegram.
O governo de Nicolás Maduro acusou Trinidad e Tobago de abrir mão da sua soberania ao permitir operações militares dos EUA em seu território, comparando a situação a eventos históricos utilizados pelos Estados Unidos para justificar guerras, como o naufrágio do navio Maine em 1898 e o incidente do Golfo de Tonkin em 1964.
Por sua vez, Trinidad e Tobago rejeitou as acusações, afirmando que o navio americano está no país para ações de cooperação em segurança marítima e combate ao crime transnacional. O governo trinitário destacou a importância da relação com o povo venezuelano, considerando a história compartilhada entre os países.
Essas tensões acontecem em meio ao agravamento das disputas verbais entre Caracas e Washington. Nas últimas semanas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou autorização para operações secretas da CIA na Venezuela. A Casa Branca afirma que o objetivo dessas operações é restaurar a democracia no país, enquanto Nicolás Maduro acusa os Estados Unidos de arquitetar um plano de invasão mascarado.
