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terça-feira, 19/08/2025

Veneno de vespa pode ajudar a combater o Alzheimer

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Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) estão estudando como o veneno da vespa Polybia occidentalis pode ser usado para combater o Alzheimer, uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo e no Brasil, causando problemas de memória e qualidade de vida.

A pesquisa, apoiada pelo programa FAPDF Learning 2023, reúne conhecimentos de física, bioinformática, farmacologia e nanotecnologia para criar substâncias chamadas peptídeos, que ajudam a diminuir a formação de placas de beta-amiloide, uma proteína ligada ao Alzheimer. O projeto é coordenado pela professora Luana Cristina Camargo, do Instituto de Psicologia da UnB, com a participação de diversos institutos e laboratórios da universidade, incluindo o Laboratório de Neurofarmacologia, dirigido pela professora Márcia Mortari, que tem experiência no estudo de venenos de vespa.

A escolha do veneno se deve ao fato de que seus compostos já atuam no sistema nervoso. O primeiro composto testado foi a occidentalina-1202, inicialmente para epilepsia; a partir dele, foi criada a octovespina, que age nos fatores do Alzheimer, como a beta-amiloide.

Avanço

O projeto evoluiu com o desenvolvimento da alzpeptidina, uma molécula que combina a octovespina com outro peptídeo, o fraternina-10, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias. Esses compostos mostraram boa capacidade de impedir a formação das placas beta-amiloides em simulações no computador e a alzpeptidina consegue atravessar a barreira que protege o cérebro, essencial para a eficácia do tratamento, algo que a octovespina ainda não consegue.

Além das simulações, a equipe usa nanotecnologia para melhorar a entrega do medicamento ao cérebro e testou uma aplicação pelo nariz, que apresentou bons resultados e gerou um pedido de patente. Os próximos passos incluem testes em laboratório e em animais para confirmar se as moléculas ajudam no funcionamento do cérebro e impedem os efeitos tóxicos da beta-amiloide.

No entanto, professora Luana alerta que o desenvolvimento de novos tratamentos é um processo longo e caro, e que a colaboração entre universidades e indústria ainda é limitada no Brasil. Problemas como atrasos em financiamentos, falta de infraestrutura e bolsas de estudo dificultam o avanço, podendo levar de 10 a 15 anos até que os medicamentos cheguem ao mercado.

Luana também ressaltou a importância da biodiversidade brasileira, que oferece inúmeras oportunidades para criar novos medicamentos, fortalecer a ciência e a indústria nacional, influenciar políticas públicas e preservar o meio ambiente. Investir em pesquisa ajuda a evitar que os talentos deixem o país.

Leonardo Reisman, diretor-presidente da FAPDF, destacou que essa pesquisa mostra como a ciência do Distrito Federal pode ter impacto global, unindo conhecimento científico de alto nível à biodiversidade do Brasil para enfrentar um grave problema de saúde pública. Se os testes forem bem-sucedidos, essa pesquisa poderá avançar para o tratamento de pacientes com Alzheimer, colocando o Brasil em destaque no desenvolvimento de terapias inovadoras inspiradas na natureza do país.

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