Joaquim Antônio ‘Barruada’ Silva, de 72 anos, faleceu nesta terça-feira (2). Ele foi levado para o hospital com falta de ar e foi diagnosticado com infecção respiratória.
O vendedor de cachorro-quente Joaquim Antônio Silva morreu aos 72 anos, nesta terça-feira (2), no Recife. Segundo o atestado de óbito, causas da morte foram síndrome respiratória aguda grave, insuficiência respiratória aguda e suspeita de Covid-19. Mais conhecido como Barruada, ele viralizou nas redes sociais em maio de 2020 ao pedir o fim das doações que estava recebendo.
Barruada tinha apenas um pulmão e problemas respiratórios anteriores. Neta dele, Camila Maria Silva, de 26 anos, contou que avô teve uma infecção respiratória em janeiro e foi internado, mas teve alta no dia 3 de fevereiro. Na época, o exame para Covid-19 deu negativo, segundo ela.
No entanto, ele voltou a apresentar sintomas respiratórios e foi ao médico na semana passada, afirmou a neta. “[Disseram] que ele estava com infecção novamente. Começou a tomar antibiótico, xarope e tudo, mas ele não estava reagindo à medicação”, relatou.
Camila disse que o avô sentiu falta de ar durante a madrugada desta terça e a família, que mora no bairro dos Coelhos, área central do Recife, fez o socorro para o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no mesmo bairro. Ele faleceu às 4h, na unidade de saúde.
De acordo com a neta, um novo teste para detectar a Covid-19 no avô foi feito na manhã desta terça, ainda sem resultado divulgado.
“Ele foi a melhor pessoa do mundo, um exemplo, uma integridade inabalável. Eu fiz tudo o que pude e faria tudo de novo por ele, porque meu avô merece”, disse Camila.
Barruada deixou três filhos e cinco netos, além de gerações de clientes que compravam cachorro-quente com ele no portão do Colégio Salesiano, no bairro da Boa Vista, no Centro do Recife.
Legado
Diariamente, Seu Barruada empurrava um carrinho e montava a famosa barraca, conhecida pelo cachorro-quente quentinho e bem servido. Presente na memória afetiva de diversos recifenses, o vendedor tornou-se conhecido também nas redes sociais.
Em maio de 2020, ele gravou um vídeo pedindo doações para auxiliar o sustento da família, já que as escolas foram fechadas devido à pandemia do novo coronavírus. Depois, Barruada voltou a público e pediu para que as doações feitas a ele parassem . Na época, ele disse que o valor arrecadado, pouco mais de R$ 8 mil, já era o bastante para vencer a batalha.
“A gente morava junto, no mesmo apartamento, e todo dia eu estava com ele. […] Meu avô tinha muito orgulho das coisas que conquistou na vida. Ele foi o meu maior exemplo de honestidade”, disse Camila. Foi ela quem ajudou o avô a gravar o vídeo para pedir doações e para agradecer.
Ao lado do tio, Mário Joaquim Silva, Camila disse que vai continuar o legado do avô na calçada do colégio, vendendo os mesmos cachorros-quentes. Ela contou que começou o trabalho com o avô há mais de dez anos.
“Eu acompanhava ele e ficava por lá, vendo ele vender para as crianças. Quando vi, já estava no meio, ajudando e trabalhando junto”. De acordo com ela, a barraca não vai parar. “Vai continuar tudo normalmente como era antes, em nome da história do meu avô”, relatou.