A venda da participação de US$ 5,8 bilhões que o SoftBank tinha na Nvidia causou uma reação nos mercados de ações na última terça-feira (11), gerando preocupações de que o entusiasmo com a inteligência artificial (IA) possa ter chegado ao seu ponto máximo. Isso acontece após alertas recentes feitos por líderes de grandes bancos e investidores experientes em Wall Street.
De acordo com o relatório financeiro trimestral do banco japonês de investimento em tecnologia, o SoftBank vendeu em outubro todas as 32,1 milhões de ações da Nvidia que possuía para financiar a grande iniciativa de IA liderada pelo presidente-executivo Masayoshi Son, que aposta fortemente na OpenAI, a empresa criadora do ChatGPT.
O SoftBank precisa dos recursos para projetos ambiciosos, como o projeto Stargate, avaliado em US$ 500 bilhões, que visa ampliar a capacidade dos data centers nos Estados Unidos para IA, além dos cerca de US$ 40 bilhões prometidos à OpenAI, cujos detalhes financeiros não foram divulgados.
Apesar disso, a venda gerou dúvidas entre investidores sobre se os valores atuais no setor de IA estão superestimados em relação aos fundamentos reais. As ações da Nvidia caíram mais de 2% nas negociações daquele dia. Além disso, a empresa de nuvem de IA CoreWeave teve sua previsão de receita reduzida devido a um atraso em contrato, fazendo com que suas ações despencassem 7%.
Os receios de uma possível bolha no setor de IA aumentaram nas últimas semanas, depois que os chefes do Morgan Stanley e do Goldman Sachs alertaram sobre uma possível queda nas ações. O gestor de fundos hedge Michael Burry, conhecido por apostar contra o mercado imobiliário americano antes da crise de 2008, também aposta contra a Nvidia e a Palantir.
Analistas interpretam a decisão de Masayoshi Son, um dos investidores mais ousados do setor tecnológico, como um sinal de que o crescimento explosivo que transformou a Nvidia na primeira empresa avaliada em US$ 5 trilhões no último mês pode estar desacelerando, mesmo após valorização superior a 1.200% nos últimos três anos.
Por outro lado, críticos lembram do histórico inconsistente do SoftBank em relação às ações da Nvidia. Estima-se que a empresa perdeu a oportunidade de lucrar mais de US$ 100 bilhões com a valorização ao vender suas ações em 2019, antes do crescimento do setor de IA, e depois comprá-las novamente.
“No que diz respeito ao timing, não se pode dizer que Masayoshi Son tenha sido excepcional na negociação das ações da Nvidia”, afirmou C. J. Muse, diretor administrativo sênior da Cantor Fitzgerald. “Parece que a venda foi simplesmente para liberar recursos e investir em outras áreas.”