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sexta-feira, 22/11/2024
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Venda de remédios aumenta; especialistas alertam para risco de automedicação

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Brasiliense está consumindo mais medicamentos e vitamínicos. Pesquisa aponta crescimento de 16,2%, no país, no setor de farmácias. No DF, a melhora foi de 25%, segundo o Sincofarma. Médico alerta para os riscos da automedicação

(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

A ida do brasiliense à farmácia aumentou no último ano. Ao contrário de muitos negócios que diminuíram o ritmo por conta da pandemia, o setor farmacêutico registrou resultados positivos. Segundo um estudo do Instituto Febrafar de Pesquisa e Educação Corporativa em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o segmento no Brasil cresceu 16,2% nos últimos 12 meses, comparado aos 12 meses anteriores.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Distrito Federal (Sincofarma), Francisco Messias Vasconcelos, o cenário nacional de aumento de vendas se repetiu na capital federal. Em 2020, o setor observou crescimento de cerca de 25% das vendas no DF e, para o presidente, a corrida às farmácias causada pela preocupação das pessoas com a covid-19 teve influência no rendimento. “No início da pandemia, alguns produtos estavam em falta nas farmácias, mas tudo que chegava era vendido; restava muito pouco nas lojas”, avalia.

O contexto das vendas do setor neste ano, no entanto, não tem seguido o patamar positivo de 2020 — a queda nas receitas em 2021 está em torno de 25%, ou seja, os níveis de faturamento das farmácias no Distrito Federal está no mesmo valor do arrecadado antes da pandemia. A explicação para a diminuição, segundo Francisco Messias, também está na crise sanitária. “Hoje, temos percebido redução nas vendas e sobra de estoques. O desemprego aumentou bastante no DF. Muitas empresas fecharam durante a pandemia e outras retomaram o ritmo lentamente, e a contratação ainda está devagar. Povo sem renda, comércio sem renda”, conclui o presidente do sindicato.

A empresária Lívia Cardoso de Faria, 32 anos, tem uma farmácia no Núcleo Bandeirante há seis meses. Trabalhando no setor desde 2017, Lívia conta que a procura por medicamentos aumentou. “O consumo de multivitamínicos e ivermectina foi disparado”, diz. “Também cresceu bastante a venda de analgésicos e ansiolíticos”, destaca.

Consumidores
O estudante Mateus Vitória Júnior, 32, passou a ir mais vezes à farmácia e percebeu que as mercadorias encareceram. Os produtos de rotina são analgésicos, vitamina C, D e Zinco. “Minha namorada faz uso de bombinha para asma, e isso foi um dos itens que aumentaram o valor. Pesou bastante no nosso orçamento”, diz. Mateus reclama de atendentes que tentam “empurrar” mais remédios do que o solicitado no balcão.

A atitude é considerada abusiva, segundo o Código de Defesa do Consumidor. “No artigo n° 39, é vedado ao fornecedor de produtos se prevalecer da fraqueza e da ignorância do consumidor”, explica o advogado Leonardo Memória.

O estímulo ao consumo de remédios também é fiscalizado pela Vigilância Sanitária. “Não podemos proibir um paciente de comprar medicamentos de venda livre, que não são tarjados. Mas a farmácia não pode fazer propaganda de incentivo e venda de kits”, salienta Renata Moreira, gerente de medicamentos e correlatos da Vigilância Sanitária. “Por exemplo, não pode pegar uma vitamina C, D e um analgésico e escrever ‘kit imunidade’. Já recebemos várias denúncias dessas infrações”, afirma a especialista.

A automedicação não é recomendada pelos especialistas e pode trazer consequências sérias. “Para doenças mais complexas, crônicas ou de acompanhamento contínuo, a escolha da medicação é baseada no tipo de doença e no perfil do paciente. Isso exige um conhecimento técnico”, adverte o médico infectologista do Hospital Brasília André Bon. “A automedicação é um risco muito grande. O paciente está se colocando em risco de descompensação da sua doença, além de poder desenvolver eventos adversos que não são desejados”, conclui o médico.

 

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