O comerciante Marion de Oliveira, dono de uma loja de artigos de couro situada à margem da RSC-287, no Rio Grande do Sul, enfrentou uma drástica redução no número de clientes e uma queda significativa nas vendas após as enchentes de 2024.
As intensas chuvas afetaram severamente as estradas e pontes do interior do Estado, deixando vários trechos ainda sem reparos.
A loja de Marion está localizada na região central do RS, perto da antiga ponte que cruzava o Rio Arroio Grande. Essa ponte desabou no ano anterior, e atualmente, a travessia é feita por uma ponte temporária. O local é marcado por frequentes paradas e retomadas de tráfego, causando congestionamentos constantes.
Marion relata que as condições precárias da via afastaram os consumidores, reduzindo o movimento na loja. “As pessoas que precisam chegar no aeroporto ou em consultas médicas em Porto Alegre optam por rotas mais longas e estáveis para garantir o horário de chegada”, comenta o comerciante.
Nos últimos meses, o faturamento do estabelecimento caiu pela metade, forçando Marion a dispensar funcionários. Em 22 anos de atividade, esse tem sido o período mais desafiador.
Um Brasil que desmorona
Na última quarta-feira (13/8), o Metrópoles divulgou uma reportagem especial intitulada “Um Brasil que desmorona”, que examina os efeitos causados pelo colapso de pontes em Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Sul e Tocantins.
Segundo a pesquisa Pontos Críticos das Rodovias, realizada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT), o país conta com nove trechos com graves problemas logísticos devido a pontes que ruíram e ainda não foram restauradas.
Dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) e divulgados pelo Metrópoles, indicam que 775 pontes em estradas federais encontram-se em condições críticas ou muito ruins, conforme avaliação técnica do órgão.