Durante a execução de mandados de busca em um apartamento de alto padrão na quadra 504 do Sudoeste, policiais da 3ª Delegacia de Polícia (Cruzeiro) encontraram uma cena marcante: uma grande quantidade de drogas espalhadas pelo local, além de brindes tridimensionais utilizados para atrair adolescentes.
O casal de alto padrão, cuja prisão em flagrante foi convertida em preventiva, utilizava o imóvel como ponto de venda de entorpecentes. A detenção ocorreu no último sábado (6/9).
De acordo com as investigações, o casal morador do imóvel usava objetos em formato tridimensional — como esqueleto de peixe, raio e floco de neve — para identificar diferentes tipos de drogas e criar um vínculo de exclusividade com seus clientes, em sua maioria jovens e adolescentes da região. O esqueleto de peixe correspondia à cocaína; o raio, ao ecstasy; e o floco de neve, ao haxixe ou loló.
Este método, considerado “inovador e ousado” pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), funcionava como uma boca de fumo dentro do apartamento. Eram comercializadas cocaína, maconha, haxixe, ecstasy e loló, com constante movimentação de usuários no edifício. A investigação também apontou que o casal expandia o tráfico para áreas públicas próximas, como escolas, parquinhos e até uma academia ao ar livre frequentada por idosos.
Na operação chamada Wolf, os agentes apreenderam várias porções de cocaína, tabletes de haxixe, embalagens de maconha, comprimidos de ecstasy, frascos de clorofórmio, balanças de precisão, sacos ziplock, canudos usados para o consumo da droga, além de uma quantia significativa em dinheiro em espécie.
O principal responsável pela organização seria Henrique Sampaio da Silva, 39 anos, considerado o maior traficante do Sudoeste. Ele já responde por cinco prisões anteriores pelo mesmo crime e acumula agora sua sexta prisão em flagrante. Henrique chegou a ser nomeado servidor comissionado em órgão público, mas nunca assumiu a função. Sua companheira, advogada, também foi detida.
Segundo o delegado-chefe da 3ª DP, Victor Dan, a sofisticação do esquema surpreendeu as autoridades: “O nível de audácia em criar uma linguagem própria para fidelizar os usuários representava uma clara estratégia para burlar a fiscalização e ampliar o consumo, atingindo adolescentes e jovens que ainda frequentam escolas.”
Além da fachada criminosa, os policiais encontraram no apartamento placas e avisos que simulavam preocupação comunitária, numa tentativa de transmitir aos moradores do condomínio uma imagem de harmonia. Após as prisões, a PCDF informou que continuará monitorando a quadra para garantir a segurança dos residentes e evitar a retomada das atividades ilícitas.