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terça-feira, 23/09/2025

Vape e cigarro elevam chance de ansiedade e depressão em jovens

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Adolescentes que utilizam cigarros convencionais e eletrônicos apresentam maior probabilidade de desenvolver transtornos mentais como depressão e ansiedade, conforme estudo publicado em julho na revista Plos Mental Health, conduzido por pesquisadores da Universidade de West Virginia, nos EUA.

Os índices de sintomas depressivos e ansiosos são de 35% e 38% entre fumantes de cigarros tradicionais. Entre usuários de vape, os percentuais sobem para 36% e 40,5%. Consumidores de ambos os tipos enfrentam taxas ainda maiores: 43,5% para depressão e 42,5% para ansiedade. Para comparação, jovens que não fumam exibem índices de 21,8% e 26,4%, respectivamente.

Esses dados foram obtidos a partir da National Youth Tobacco Survey, uma pesquisa nacional que avaliou hábitos de tabagismo e transtornos mentais em cerca de 60 mil estudantes do ensino fundamental e médio entre 2021 e 2023.

De acordo com o psiquiatra Luiz Zoldan, gerente médico do Espaço Einstein de Saúde Mental e Bem-Estar, do Einstein Hospital Israelita, o diferencial dessa pesquisa é o amplo número de participantes, a inclusão do uso do vape e o foco na população jovem.

Embora dispositivos eletrônicos sejam vistos pelos jovens como mais seguros e atraentes, eles não são isentos de riscos. Além da nicotina, esses aparelhos podem conter metais pesados, compostos cancerígenos e outras substâncias que irritam o sistema respiratório, podendo causar inflamações pulmonares, crises de falta de ar e comprometimento da capacidade física, especialmente em adolescentes em desenvolvimento.

O crescimento do uso do vape é visível, principalmente entre pessoas de 18 a 24 anos, mesmo sendo proibido no Brasil. Esses dispositivos consistem em bateria, atomizador, microprocessador, lâmpada LED e cartucho com nicotina líquida, que aquecem o líquido para gerar o vapor inalado.

O Conselho Federal de Medicina alerta que esses cigarros eletrônicos representam uma ameaça à saúde pública e oferecem riscos maiores que os cigarros tradicionais, servindo muitas vezes como porta de entrada para o consumo de nicotina entre os jovens.

Estudos indicam que os filamentos metálicos que aquecem o líquido podem liberar metais pesados nocivos, como níquel, e que o vapor contém ao menos 80 substâncias químicas perigosas que fortalecem a dependência de nicotina.

Além disso, o uso diário desses aparelhos provoca inflamações em múltiplos órgãos, inclusive no cérebro, podendo levar a condições pulmonares graves, como a lesão conhecida como EVALE.

Wanderley Cerqueira, neurologista do Hospital Albert Einstein, explica que os efeitos variam conforme a nicotina e os sabores usados, que podem aumentar a suscetibilidade a infecções respiratórias. Aromatizantes de menta, por exemplo, aumentam a sensibilidade aos efeitos da pneumonia bacteriana.

O uso constante desses produtos pode enfraquecer o sistema imunológico dos pulmões, reduzindo a defesa contra doenças como pneumonia e câncer. Mesmo os vapes sem sabor são perigosos devido a aditivos químicos como propilenoglicol, glicerina, formaldeído e a nicotina presente, conhecida por causar câncer.

Uma pesquisa da Universidade de Duke encontrou níveis perigosos de toxinas em líquidos de cigarros eletrônicos, particularmente em produtos populares como a Puffbar, contendo substâncias que não devem ser inaladas e são utilizadas para dar sensação de frescor sem sabor de menta.

Aparência moderna e sabores doces desses dispositivos podem mascarar o ato de fumar, facilitando o consumo excessivo e o surgimento de dependência. Por isso, especialistas recomendam reforçar a educação e prevenção sobre o tema em escolas e famílias.

A dependência de nicotina durante a adolescência pode comprometer o desenvolvimento cerebral, afetar o humor, a memória e a função cognitiva. Contudo, o estudo norte-americano não estabelece uma relação direta de causa e efeito entre tabagismo e sintomas mentais, uma vez que não analisou os jovens ao longo do tempo.

Além disso, foi observada uma associação entre o uso frequente de redes sociais e maior propensão ao tabagismo entre os adolescentes, indicando que o tempo gasto nessas plataformas influencia o comportamento de fumar.

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