NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Marcelo Bacci, afirmou que ainda é cedo para confirmar dividendos extras, mas a estabilidade do preço do minério de ferro poderá aumentar o pagamento aos acionistas no segundo trimestre.
Bacci explicou que o desempenho do segundo semestre será decisivo para essa possibilidade e que, se o preço se mantiver, a chance de dividendos extraordinários cresce devido à geração robusta de caixa.
Na apresentação do balanço do segundo trimestre, que registrou lucro de R$ 12,1 bilhões, a Vale anunciou a distribuição de R$ 8 bilhões em juros sobre o capital próprio, valor mínimo conforme sua política de remuneração aos acionistas.
Durante teleconferência com analistas, discutiu-se a possibilidade de pagar além do mínimo, uma preocupação porque a empresa tem histórico de bons pagamentos de dividendos.
Bacci mencionou que a instabilidade geopolítica anteriormente impedia planos claros sobre dividendos extras, mas a recuperação das cotações internacionais, próximas dos US$ 100 por tonelada, possibilita essa perspectiva.
A prioridade da empresa é usar o caixa adicional para reduzir sua dívida líquida expandida de cerca de US$ 17 bilhões para aproximadamente US$ 15 bilhões, metade do valor ideal segundo a companhia. Após isso, os recursos excedentes poderão ser usados para remunerar acionistas via dividendos extras ou recompra de ações.
Bacci ressaltou que a Vale é pouco afetada pelas tarifas impostas pelos EUA, já que apenas 3% da receita vem desse mercado, relacionada à venda de cobre canadense isento de tarifas. Além disso, cerca de 5% das compras da Vale vêm dos EUA e podem ser afetadas por retaliações brasileiras, mas a empresa já estuda alternativas.
O vice-presidente também comentou que a Vale analisa a aquisição da Bahia Mineração (Bamin), projeto apoiado pelo governo Lula, mas ainda sem solução logística viável que justifique o investimento.
Bacci explicou que a Bamin opera apenas experimentalmente e enfrenta desafios logísticos para escoar o minério da mina em Caetité (BA) a um porto em Ilhéus, distante 500 km, e que seria necessário agregar outras cargas para que o modelo funcione economicamente.
O governo deseja que a Vale assuma o projeto e pediu ao BNDES auxílio para viabilizar a solução logística necessária.