A vacina Qdenga, criada pela empresa Takeda para combater a dengue, mostrou que continua protegendo contra a doença e evitando a hospitalização por sete anos após a aplicação. Esses resultados foram apresentados em um congresso na Tailândia e confirmam que a vacina é segura e eficaz a longo prazo.
Vivian Lee, médica da Takeda, explicou que o estudo foi feito para saber se seria preciso tomar uma dose extra da vacina após as duas doses iniciais. “Após 4,5 e 7 anos de acompanhamento, concluímos que não é necessário um reforço”, afirmou.
O levantamento mostrou que, depois de 4,5 anos, a vacina evitou 84,1% das hospitalizações por dengue. Com uma dose extra aplicada nesse período, a proteção aumentou para 90,6%. Na prevenção de casos confirmados, a eficácia foi de 61,2% após 4,5 anos e subiu para 74,3% dois anos e meio após a dose reforço.
Melissa Palmieri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações em São Paulo, comentou que a proteção é consistente com o tipo da vacina, que usa vírus enfraquecido. “O organismo continua preparado para reagir ao vírus, mostrando que o reforço não é necessário agora”, disse.
A Takeda informou que não houve novos efeitos colaterais depois da dose extra e que a vacina é segura para uso contínuo. O estudo acompanhou mais de 20 mil crianças e adolescentes de 4 a 16 anos, mostrando proteção contra todos os quatro tipos do vírus da dengue. Essa faixa etária foi escolhida por ser mais afetada pela doença. Vivian Lee acrescentou que os resultados para essas idades ajudam a entender a eficácia em outras faixas sem precisar de novos estudos.
Atualmente, a Qdenga é a única vacina contra a dengue oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Até o final de 2025, a Takeda planeja entregar 15 milhões de doses para o sistema público. A vacina também está disponível em clínicas particulares no Brasil.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda a vacina para pessoas entre 4 e 60 anos. No SUS, a vacina é aplicada em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, com o esquema de duas doses com intervalo de três meses. A vacina não é indicada para imunossuprimidos, grávidas, lactantes ou pessoas com alergia aos componentes.
De acordo com o Ministério da Saúde, desde o começo do ano, foram registrados mais de 1,6 milhão de casos prováveis de dengue no Brasil, com 1.711 mortes pela doença.
Estadão Conteúdo
