A vacina contra a covid-19 não só evita a forma grave da doença, como também protege contra a covid longa e problemas no coração causados pelo vírus. Isso foi confirmado por um novo consenso publicado na Revista Europeia de Cardiologia Preventiva.
A vacinação é fundamental para a prevenção, pois reduz muito a gravidade da covid aguda e diminui em mais de 40% o risco de covid longa em quem tomou duas doses, comparado com quem não se vacinou, afirmam cinco importantes organizações médicas europeias voltadas para a cardiologia.
Além disso, para quem nunca foi vacinado e tem sintomas de covid longa, a imunização pode ajudar a aliviar esses sintomas.
As entidades recomendam ainda que grupos de alto risco tomem as doses de reforço, pois isso pode diminuir o risco de covid longa e problemas cardíacos causados pela infecção.
Problemas no coração
O consenso traz orientações para prevenir, diagnosticar, tratar e reabilitar os efeitos da covid e da covid longa no coração.
O documento é assinado por diversas associações europeias ligadas à cardiologia.
Problemas cardíacos comuns após a infecção incluem:
- inflamação do músculo do coração (miocardite);
- inflamação da membrana que envolve o coração (pericardite);
- infarto;
- acidente vascular cerebral;
- coágulos sanguíneos (trombose);
- embolia pulmonar.
Pessoas que tiveram covid têm o dobro de chance de apresentar problemas cardíacos, e quem foi hospitalizado tem o risco quatro vezes maior. Esse risco pode durar até três anos após a infecção.
Covid longa
Cerca de 100 milhões de pessoas no mundo vivem com sintomas da covid longa. Destas, aproximadamente 5 milhões apresentam sintomas cardíacos, como dor no peito, falta de ar, batimentos irregulares, insuficiência cardíaca, fadiga e tontura.
Pessoas idosas, mulheres e quem tem outras doenças como asma, ansiedade, hipertensão ou diabetes têm maior risco e precisam ser acompanhadas com mais cuidado.
O documento reforça que é importante orientar os pacientes sobre os sintomas que podem aparecer semanas ou meses após a infecção, para que possam identificar e buscar ajuda rapidamente.
Também é fundamental que esses pacientes controlem fatores de risco como pressão alta, diabetes, tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequada. Porém, a vacinação continua sendo a única medida comprovada para prevenir esses problemas.
Vacinas são seguras
Reações graves à vacina são muito raras e geralmente passageiras. Em um estudo com mais de 2,5 milhões de vacinados, apenas 54 tiveram inflamação do coração, e quase todos casos leves ou moderados.
O documento conclui que, apesar dos riscos raros, as vacinas diminuem muito a gravidade da doença e da covid longa.
Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, destaca que o risco de miocardite pela covid-19 é bem maior e mais grave do que pelo efeito da vacina.
Ele reforça que ainda precisam se vacinar: pessoas acima de 60 anos devem tomar duas doses anuais, com intervalo de seis meses; pessoas com o sistema imunológico comprometido, gestantes em qualquer fase da gravidez e indivíduos com doenças crônicas devem tomar uma dose por ano.
A partir de 2024, a vacina contra a covid-19 faz parte do calendário básico das crianças, iniciando a primeira dose aos 6 meses de idade.
Renato Kfouri alerta que essa vacinação é importante para preparar o sistema imunológico da criança, evitando formas graves da doença. Hoje, idosos e crianças menores de cinco anos são os grupos com maior risco de hospitalização por covid-19.