Anúncio é do presidente da União Química, que espera avanço na confecção após Anvisa dispensar fase 3 dos estudos no Brasil. Fábrica no DF vai produzir ingrediente para imunizante; compra está em fase de negociação.
A vacina contra a Covid-19 Sputnik V, de origem russa, deve começar a ser produzida em escala industrial até o fim de março, no Distrito Federal. Em entrevista à TV Globo, o presidente da União Química – empresa à frente da produção na capital –, Fernando de Castro Marques, explicou que espera avançar na confecção após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) flexibilizar regras para aprovação do uso emergencial dos imunizantes no Brasil.
A União Química é responsável pela Bthek Biotecnologia, instalada no Polo JK, em Santa Maria. O local será responsável pela produção nacional do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina, em parceria com o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF).
O presidente da farmacêutica explica que, no momento, a fábrica funciona em um “modelo piloto” e produz insumos para transferência de tecnologia.
“Todo material será analisado na Rússia. Vamos submeter todo processo da Anvisa para pedir a autorização definitiva.”
Após autorização da Anvisa, Fernando diz que a expectativa é de que 8 milhões de doses sejam produzidas diariamente, com auxílio do insumo confeccionado na capital.
“O IFA produzido em Santa Maria [DF] é um ingrediente farmacêutico que funciona apenas para a Sputnik V. Cada produto tem um. Aqui, ele é produzido da mesma forma que é feito na Rússia. O processo é idêntico”, afirmou.
O presidente da da União Química também comemorou o resultado da eficácia da Sputnik V, de 91,6%. Os dados foram publicados, nesta terça-feira (2), na revista científica “The Lancet”, uma das mais respeitadas do mundo.
Segundo o empresário, “a vacina é aplicada em milhares de pessoas no mundo” e o resultado comprova a qualidade do imunizante.
Fase 3
Na última quarta-feira (3), a Anvisa anunciou que testes de vacinas contra a Covid-19 em voluntários brasileiros deixaram de ser item obrigatório para empresas que desejam solicitar autorização para uso emergencial do imunizante no país.
Com a mudança, a agência diz que, nos casos em que isso ocorrer, o prazo de análise do pedido de uso emergencial será de até 30 dias. No caso da Sputnik V, a empresa à frente da produção encaminhará um pedido de uso à Anvisa obedecendo às novas regras.
Após a mudança nas regras, o Ministério da Saúde informou que negocia a compra de 30 milhões de doses da Sputnik V e da Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech (veja mais abaixo). Nesta sexta-feira (5), integrantes da pasta federal devem se reunir com representantes dos laboratórios.
Vacinas em uso e em negociação
- Covaxin
De origem indiana, a vacina contra Covid-19 Covaxin está em fase 3 de testes no Instituto Albert Einstein, em São Paulo. O ensaio clínico deve começar em março e vai durar entre 45 e 90 dias. Apesar da retirada da exigência, o laboratório Bharat Biotech informou que vai manter o cronograma.
A Covaxin é uma vacina contra Covid-19 desenvolvida a partir de vírus inativados, que está na fase 3 de testes na Índia, etapa em que a eficácia é verificada. Os primeiros estudos clínicos mostraram que o imunizante não gera efeitos colaterais graves e produz anticorpos para a Covid-19. O governo federal já manifestou interesse na compra das doses.
- CoronaVac
A CoronaVac, vacina contra Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, é usada no Distrito Federal e em outras unidades da federação. O imunizante tem eficácia de 50,38% e é produzido pelo Instituto Butantan, em São Paulo.
O imunizante foi o primeiro a ser aplicado no Brasil, em uma enfermeira de São Paulo. Ele foi testado no Brasil, inclusive no Distrito Federal.
- Vacina de Oxford
A vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca teve eficácia comprovada de 76% três semanas depois da primeira dose. O resultado preliminar foi divulgado esta semana. Esse é o outro imunizante aplicado no Brasil e no Distrito Federal.
De acordo com os estudos clínicos da vacina, com a segunda dose, a eficácia sobe para 82,4%. Esse novo resultado é melhor do que o encontrado anteriormente, com uma eficácia de 54,9%, quando o reforço estava sendo aplicado após um mês e meio.