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sexta-feira, 24/10/2025

UPAs do DF têm ajuda de psiquiatras e diminuem internação em mais de 60%

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“Eu gostei muito do atendimento daqui. Achei que minha filha ficaria internada por dias, mas em pouco tempo ela foi avaliada, medicada e encaminhada para um hospital especializado. Foi um alívio enorme para toda a família.”

Esse é o relato de Lídia (nome fictício), mãe de uma jovem de 22 anos que chegou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Vicente Pires enfrentando uma crise de esquizofrenia. Essa experiência mostra o impacto do novo modelo de apoio psiquiátrico que está sendo implementado pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).

Segundo o psiquiatra Sérgio Cabral, responsável pelo projeto, a iniciativa começou como um teste entre outubro de 2024 e janeiro de 2025, na UPA do Núcleo Bandeirante.

“O resultado foi tão bom que já expandimos para as unidades de Sobradinho e Vicente Pires. Hoje, o psiquiatra não atende o paciente diretamente na recepção, mas oferece suporte especializado ao médico clínico da UPA, garantindo avaliação e ações rápidas”, explica.

Atendimento rápido e ambiente seguro

O processo é simples: o paciente em crise passa primeiro pela triagem de enfermagem e é avaliado inicialmente por um médico clínico, que identifica as causas e estabiliza o quadro. Se for necessário, especialmente em casos graves como tentativas de suicídio ou agitação intensa, o psiquiatra de suporte é chamado para reavaliar e decidir o próximo passo — alta com encaminhamento para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), observação contínua ou internação especializada.

Para oferecer um ambiente melhor, a UPA adaptou salas especiais que garantem segurança, separando adultos e crianças e removendo possíveis perigos, como vidros ou fios expostos. “É um cuidado que protege todos, sem isolar o paciente. As salas continuam integradas à rotina da unidade”, destaca Cabral.

Resultados alcançados

Antes do projeto, a média de permanência dos pacientes com crises psiquiátricas na UPA do Núcleo Bandeirante era superior a cinco dias. Em 2025, caiu para uma média de 1,8 dia. “Isso significa uma redução de mais de três dias por paciente, o que gera milhões em economia para o sistema”, detalha o especialista.

Nas UPAs do DF, o atendimento psiquiátrico reduziu o tempo médio de internação de quatro dias para 1,05 dia, com quase 90% de resolutividade. Além de cortar custos com diárias, essa medida diminuiu quase totalmente o transporte dos pacientes para hospitais especializados.

A procura pelos serviços também cresceu muito: em 2023, as UPAs tiveram cerca de 10 mil atendimentos em saúde mental; em 2024, o número triplicou, chegando a quase 30 mil. Em 2025, até agosto, já são mais de 16 mil atendimentos.

Para Cabral, isso mostra tanto o aumento dos casos de transtornos mentais quanto a diminuição do preconceito. “As pessoas sabem que recebem atendimento qualificado e procuram mais o serviço. Isso indica que estamos ampliando o acesso à saúde mental”, avalia.

Continuidade no acompanhamento

Segundo o diretor de Atenção à Saúde do IgesDF, Rodolfo Borges Lira, o objetivo não é substituir o acompanhamento do Caps, mas garantir que o paciente em crise tenha uma resposta rápida e seja encaminhado com segurança. “Damos visibilidade ao caso e já articulamos a continuidade com a atenção básica e a rede de saúde mental. O Caps é fundamental para o tratamento a longo prazo”, afirma.

Para o diretor, o maior benefício é humano. “Hoje, o atendimento é imediato. Quando conseguimos ajudar um paciente em sofrimento sem precisar levá-lo para longe, a família se sente acolhida e o paciente entende que não está sozinho”, acrescenta.

Com resultados positivos em resolução de casos, economia e satisfação dos pacientes, o IgesDF planeja levar o serviço de apoio psiquiátrico para todas as regiões do Distrito Federal. “Esse modelo aproxima o especialista da população e fortalece os princípios do SUS: cuidado próximo, eficaz e humanizado”, conclui Rodolfo Lira.

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