Após inaugurar um memorial dedicado a Ernesto Geisel, ex-presidente do Brasil durante o período da ditadura militar, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) divulgou uma nota explicando mudanças recentes. A instituição comunicou que o acervo memorial não está mais sob sua guarda, pois foi transferido para a Prefeitura de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Inicialmente, devido ao desgaste da casa onde Geisel residiu e que abrigava o acervo, a UCS o acolheu em sua biblioteca no campus da cidade.
A universidade esclareceu que os itens do memorial não continham discursos ou elementos que promoviam ou exaltavam a personalidade do ex-presidente. Segundo a UCS, Ernesto Geisel é citado apenas para contextualizar a época e a instituição da Presidência da República.
A nota também destacou que o pedido do Ministério Público Federal (MPF) para remoção imediata do memorial foi rejeitado pelo juiz Bruno Risch Fagundes de Oliveira em 17 de dezembro de 2025. Contudo, mesmo com essa decisão, o acervo foi removido e entregue aos cuidados da Prefeitura de Bento Gonçalves. A UCS reafirmou seu compromisso com a pluralidade e o respeito à história, valores presentes em seus 58 anos de existência.
De acordo com a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul, vinculado ao MPF, o memorial representava uma afronta à memória e à dignidade das vítimas do regime militar, violando os princípios democráticos. O MPF ressaltou que homenagear agentes ligados a crimes contra a humanidade é inconstitucional e causa sofrimento às vítimas e seus familiares, além de prejudicar o patrimônio cultural e a ordem democrática do Brasil.
A reportagem tentou confirmar com o MPF a informação da decisão judicial mencionada pela UCS, mas não obteve retorno até o momento da publicação.

