RICARDO DELLA COLETTA
FOLHAPRESS
A recente remoção da celulose e do ferro-níquel da lista de produtos com tarifas adicionais aplicadas pelos Estados Unidos faz com que 25,1% das exportações brasileiras para aquele país estejam agora livres dessas taxas extras impostas pelo governo de Donald Trump.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), os produtos que escapam dessas tarifas, incluindo tanto a tarifa padrão de 10% quanto a sobretaxa de 40% criada após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras tarifas específicas sobre aço e alumínio, geraram um total de US$ 10,1 bilhões em vendas para os EUA em 2024.
O ministério ainda informou que 34,9% das exportações brasileiras para os EUA estão sujeitas a uma tarifa elevada de 50%. Entre os produtos nesta categoria, que totalizam US$ 14,1 bilhões, estão café e cacau.
Além disso, aproximadamente US$ 6,8 bilhões das vendas brasileiras para os EUA têm uma sobretaxa de 10%. Outros US$ 9,4 bilhões sofrem tarifas setoriais específicas, aplicadas a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos, como a de 50% sobre o aço.
O Mdic destacou ainda que, além da exclusão da celulose e do ferro-níquel das tarifas, dez produtos também deixaram de ser taxados em 10%, embora para o Brasil eles ainda estejam sujeitos a uma tarifa de 40%. Esses produtos incluem certos minerais brutos, níquel e herbicidas, que juntos somaram cerca de US$ 113 milhões em exportações para os EUA em 2024.
Em uma ordem executiva divulgada na última sexta-feira (5), Donald Trump eliminou a tarifa de 10% sobre a celulose importada pelos EUA.
Essa medida beneficia a indústria brasileira, que exportou 2,8 milhões de toneladas de celulose para aquele país no ano passado, o que representa aproximadamente 15% das exportações totais brasileiras do produto.
A isenção cobre três tipos de celulose, enquanto permanecem vigentes tarifas de 50% sobre papéis em geral e painéis de madeira.
Empresas brasileiras se mobilizaram para conseguir essa revisão tarifária, contratando escritórios de advocacia e lobistas, uma prática regulamentada nos Estados Unidos. Além disso, fornecedores e clientes que dependem da celulose importada também colaboraram nesse esforço.
Nos EUA, há uma demanda interna consistente para insumos usados na produção de itens como papel higiênico, fraldas e lenços umedecidos.
Na mesma ordem executiva, foram ajustadas tarifas para produtos que não estão mais na lista de exceções das sobretaxas de 10% anunciadas em abril.
O Mdic declarou que 76 produtos passaram a estar sujeitos exclusivamente às tarifas da seção 232 (como já acontecia) e sete outros produtos, ligados a insumos químicos e plásticos industriais, agora têm uma tarifa de 10% adicional à já aplicada de 40% específica para o Brasil.
Esses sete produtos somaram US$ 145 milhões em exportações brasileiras para os Estados Unidos em 2024.