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segunda-feira, 23/06/2025




Um profissional de saúde é agredido a cada 63 horas na rede pública

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Em Brasília

Em média, um profissional da saúde sofre agressão a cada 63 horas na rede pública do Distrito Federal.

De acordo com dados da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), entre 1º de janeiro de 2022 e 31 de maio de 2025, foram reportadas 475 ocorrências de ameaças e agressões contra servidores públicos que trabalham para salvar vidas.

As ocorrências incluem vias de fato, lesão corporal, danos ao patrimônio e ameaças na rede pública.

Em média, há um registro de crime violento a cada 2,6 dias contra médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros profissionais que atuam em hospitais, unidades de pronto atendimento (UPAs) e outros locais.

Em 2022, foram registrados 109 incidentes contra trabalhadores da saúde, número que subiu para 159 em 2024, um aumento de 45%. Entre janeiro e maio de 2025, houve 67 casos, contra 72 no mesmo período do ano anterior.

Sindicato dos Enfermeiros (SindEnfermeiro-DF) expressa preocupação com o aumento da violência contra enfermeiros nas unidades públicas de saúde.

“Infelizmente, a situação está se agravando diariamente. Enfermeiros estão sendo atacados física e verbalmente no exercício do trabalho, muitas vezes por pacientes ou familiares desesperados”, disse Jorge Henrique, presidente do sindicato.

Ele destacou que “a culpa não é do povo, mas da falta de investimento em saúde pública”.

Segundo o sindicato, a violência está ligada ao colapso no atendimento, causada pela falta de profissionais, leitos, insumos, medicamentos e estrutura.

A população enfrenta longas filas e muitas vezes não é atendida, o que gera frustração e revolta que recai sobre os profissionais de saúde.

Demora e UPAs

Carlos Fernando Silva, presidente em exercício do Sindicato dos Médicos (SindMédicos), aponta que o número de profissionais está abaixo do necessário para atender a população com qualidade.

Isso causa atrasos no atendimento. As UPAs, que deveriam atender pacientes por no máximo 24 horas, transformaram-se em hospitais devido à falta de vagas.

“Quando as equipes da Atenção Primária cumprem seu papel, a população adoece menos e não precisa recorrer tanto às unidades públicas”, explicou.

Porém, com dificuldades para marcar consultas e realizar exames, muitos pacientes recorrem diretamente aos hospitais, gerando superlotação e espera prolongada.

Esse cenário sobrecarrega os profissionais, que nem sempre conseguem realizar acolhimento adequado devido à demanda intensa.

“A soma desses fatores resulta em agressões. Imagine uma pessoa que levou seu filho doente ao pronto-socorro às 19h e só é atendida às 4h da manhã do dia seguinte. O estresse e a frustração levam à violência”, explica.

Soluções propostas

  • Nomeação de mais profissionais via concurso público;
  • Construção de novas unidades, como UBSs e hospitais regionais;
  • Aumento do número de leitos de retaguarda;
  • Investimentos em insumos, estrutura física e segurança nas unidades;
  • Reestruturação das carreiras com recomposição salarial;
  • Melhoria das condições e protocolos de trabalho;
  • Fim da terceirização da saúde pública e fortalecimento integral do Sistema Único de Saúde (SUS).

O Sindicato dos Vigilantes destaca que o número de profissionais de segurança é insuficiente, especialmente nas UPAs e no Hospital de Base de Brasília.

Segurança e vigilância

A Secretaria de Saúde (SES) informa que a rede pública possui atualmente 2.428 vigilantes em unidades assistenciais e administrativas para garantir a segurança patrimonial.

Há planos para aumentar em média 167 postos de vigilância mediante termos contratuais adicionais.

Está em andamento a implantação de um sistema de vigilância eletrônica com cerca de 12.108 câmeras, além de dispositivos de controle de acesso como leitores biométricos, detectores de metal e cancelas automatizadas.

A SES repudia firmemente qualquer ato de violência contra profissionais da saúde, que diariamente dedicam-se ao cuidado da população.

Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF)

O Iges-DF tem intensificado esforços na área de segurança, resultando em aumento da sensação de proteção para profissionais e pacientes.

Entre as medidas adotadas estão instalação de câmeras, uso de detectores de metais nas entradas, e sistema GLPI Segurança para registro e comunicação em tempo real de ocorrências, fortalecendo a segurança nas unidades.

O instituto investe na capacitação contínua dos vigilantes, promovendo treinamentos focados na prevenção de conflitos, diálogo e atendimento respeitoso.

Atualmente, o Iges-DF conta com 619 vigilantes e busca ampliar esse efetivo de forma equilibrada conforme as demandas.

O Iges-DF reafirma seu compromisso com a segurança, integridade e bem-estar de todos que utilizam os serviços de saúde no Distrito Federal.




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