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sexta-feira, 22/11/2024
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Últimos mamutes da Terra morreram de sede

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Segundo estudo, os efeitos das mudanças climáticas levaram ao desaparecimento de fontes de água doce, há 5.600 anos, deixando os animais sem ter o que beber

Os mamutes-lanosos da Ilha Saint Paul, no Alasca, foram os últimos a entrar em extinção (VEJA.com/Reprodução)
Os mamutes-lanosos da Ilha Saint Paul, no Alasca, foram os últimos a entrar em extinção (VEJA.com/Reprodução)

Um time internacional de cientistas descobriu que a última espécie de mamutes que pisou na Terra entrou em extinção por falta d’água. Segundo estudo publicado na última segunda-feira na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os mamutes-lanosos morreram há 5.600 anos, na Ilha Saint Paul, no Alasca, porque as mudanças climáticas causaram o aumento do nível dos oceanos – a água salgada invadiu a ilha e também as fontes de água doce, deixando os animais sem ter o que beber. De acordo com os pesquisadores, o exemplo do passado pode ser um aviso para as consequências das atuais alterações do clima.

“Hoje, vemos os efeitos da elevação do nível dos oceanos no Sul do Pacífico. Há ilhas onde as pessoas têm dificuldades para encontrar água doce. O mesmo pode ser dito da Flórida. Se o nível dos oceanos continuar a crescer, isso irá piorar e, realmente, limitar a disponibilidade de água doce”, afirma Russell Graham, um dos autores do estudo, em entrevista ao site americano The Atlantic.

A extinção dos mamutes

A equipe de cientistas, liderada por Graham, professor de geociências da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, estudou vestígios de mamutes-lanosos recentemente descobertos na Ilha Saint Paul. O local fazia parte da Ponte Terrestre de Bering, um trajeto que conectava Rússia e Estados Unidos. Com o aumento do nível dos oceanos, essa ligação foi tomada pela água e se desconectou dos continentes, restando apenas um pequeno ponto de terra do tamanho de Paris sobre o mar. Os mamutes do Alasca ficaram presos nessa ilha e, enquanto os outros membros de seu grupo se extinguiam em todo o planeta, eles aguentaram 8.000 anos de isolamento antes de, finalmente, desaparecerem. O motivo, porém, era um mistério.

Com o objetivo de compreender o ambiente em que esses animais viviam e descobrir o porquê das mortes, os pesquisadores coletaram e dataram 14 fósseis dos mamutes e reuniram também amostras sedimentares de um lago na região central da ilha, chamado Lake Hill. Esses pedaços de solo permitem aos pesquisadores “voltar no tempo”, pois guardam rastros de DNA e outras substâncias que, dispostas em camadas, representam épocas distintas da ilha.

Nesses registros, os cientistas identificaram um tipo de fungo visto no excremento de animais grandes – provavelmente os mamutes. Assim, para chegar ao momento exato da extinção, além da análise dos fósseis, eles verificaram quando esses fungos sumiram. Os dois exames revelaram a data de 5.600 anos atrás.

Em seguida, os pesquisadores começaram a buscar os motivos do desaparecimento – e chegaram à falta de água doce. As amostras do solo sugeriram que as únicas fontes de água doce da ilha foram tomadas pela água salgada, consequência do aumento do nível dos oceanos causado pelas mudanças climáticas. Na Ilha Saint Paul, esse processo de salinização ocorreu entre 7.850 e 5.600 anos atrás, conforme mostraram os exames de isótopos químicos.

Além das condições climáticas, os especialistas apontam que os mamutes podem ter prejudicado sua espécie. Ao se aproximar das únicas fontes restantes de água potável eles acabaram destruindo a vegetação em volta dos lagos. A falta das plantas, que ajuda a reter água, contribuiu para que os lagos secassem.

“A limitação de água doce foi a causadora da extinção. Agora, alertamos para a vulnerabilidade das populações de pequenas ilhas em meio às mudanças climáticas atuais”, afirmam os cientistas no estudo.

 

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