Países do leste da União Europeia chegaram a um acordo na sexta-feira (26/9) para priorizar a criação de uma barreira antidrones visando proteger a região de possíveis invasões aéreas.
A decisão foi tomada durante reunião com os ministros da Defesa de dez países da área, depois de vários incidentes recentes com drones de origem desconhecida na Polônia, Romênia e Dinamarca.
A União Europeia suspeita que a Rússia seja a responsável pelas incursões, o que foi negado por Moscou.
“A Rússia está testando a União Europeia e a OTAN, e nossa resposta precisa ser forte, unificada e imediata”, afirmou Andrius Kubilius, comissário europeu para Defesa, após a reunião.
Recentemente, na madrugada de quarta para quinta-feira (25/09), drones foram observados perto do aeroporto de Aalborg, no norte da Dinamarca, causando a suspensão temporária de voos em um local que também funciona como base militar. Três aeroportos menores no país também registraram episódios semelhantes.
Na segunda-feira, a Estônia teve seu espaço aéreo violado por aviões russos, que permaneceram por alguns minutos antes de serem escoltados por caças da OTAN operados por Finlândia, Itália e Suécia.
Participaram da reunião representantes da Bulgária, Dinamarca, Eslováquia, Estônia, Finlândia, Hungria, Letônia, Lituânia, Polônia e Romênia, assim como representantes da Ucrânia e da OTAN.
Kubilius explicou que o acordo visa montar uma barreira antidrones como parte de um sistema de vigilância no flanco leste da UE, que também terá defesas terrestres e marítimas. O sistema antidrones deve conter radares e sensores acústicos, além de capacidade para interceptar e destruir drones.
Ele reconheceu que financiar essa estrutura será um desafio. “Se for utilizado um míssil de caça para derrubar um drone, estará sendo gasto um míssil que custa 1 milhão de euros para abater um drone que custa 10 mil euros.”
Esse problema ocorreu na Polônia no começo de setembro, quando foram usados armamentos caros para eliminar drones de baixo custo.
Kubilius acrescentou que será necessário construir uma política industrial e um conjunto de instrumentos financeiros para viabilizar esse escudo, cujo custo pode chegar a alguns bilhões de euros.
Esses planos foram divulgados em um contexto de crescente apoio para um empréstimo de 140 bilhões de euros à Ucrânia, assegurado com recursos congelados do Banco Central da Rússia, segundo autoridades europeias.
O comissário da UE enfatizou que o bloco deve agir rapidamente e aprender com a experiência da Ucrânia, que tem sido alvo frequente de drones e mísseis russos.
O tema ainda precisa da aprovação dos líderes europeus e será discutido em uma cúpula marcada para outubro, mas já conta com o suporte da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
O ministro ucraniano da Defesa, Denys Shmygal, que esteve presente na reunião, afirmou por meio do X que a barreira antidrones criará um “novo ecossistema de defesa na Europa”, do qual a Ucrânia está pronta para participar.
Desde o início do conflito com a Rússia, Kiev desenvolveu um conjunto de técnicas para identificar e derrubar drones russos de forma econômica.
Os emissários da UE indicam que o foco inicial será desenvolver em até um ano uma rede de sensores para detectar eventuais invasões.