As autoridades anticorrupção ucranianas divulgaram nesta terça-feira (11/11) que desmantelaram um vasto esquema de corrupção envolvendo milhões de dólares desviados do setor energético. Na mesma manhã, o ministro da Justiça e ex-ministro da Energia da Ucrânia, Guerman Galouchtchenko, foi afastado do cargo.
Este é um dos maiores escândalos de corrupção dentro do governo ucraniano desde o começo da invasão russa em fevereiro de 2022. No centro do caso está a estatal nuclear Energoatom, da qual cerca de 100 milhões de dólares teriam sido desviados sob a liderança de Timour Minditch, aliado próximo do presidente Volodymyr Zelensky.
“Decidimos afastar Guerman Galouchtchenko do cargo de ministro da Justiça”, declarou a primeira-ministra Ioulia Svyrydenko nas redes sociais. A vice-ministra da Justiça, Lioudmyla Sougak, assumirá o cargo interinamente.
Na terça, o Ministério Público Nacional Anticorrupção acusou Galouchtchenko de receber benefícios pessoais em troca do controle das finanças do setor energético. O ministro demonstrou concordância com seu afastamento, afirmando que pretende defender-se judicialmente.
Segundo a imprensa local, a casa de Galouchtchenko foi alvo de buscas policiais recentes, e sua implicação no esquema de corrupção remonta à sua gestão como ministro da Energia entre 2021 e 2025.
O Escritório Nacional Anticorrupção informou que realizou dezenas de buscas, resultando na prisão de cinco pessoas e na abertura de processos contra outras sete após um ano e meio de investigação. Contudo, Timour Minditch, apontado como líder do esquema, não foi detido, tendo deixado o país pouco antes das buscas.
Minditch é um dos donos da produtora audiovisual Kvartal 95, fundada por Zelensky, que era comediante antes de entrar na política. Ele teria usado suas conexões próximas ao presidente para facilitar as atividades ilícitas.
Este escândalo surge em meio a uma grave crise energética na Ucrânia, agravada pelos ataques russos que têm causado longos cortes de eletricidade no país durante o inverno. A revelação do caso provocou forte indignação pública após quase quatro anos de conflito.
O anúncio da operação ocorre após meses de tensão entre as agências anticorrupção e o governo, que buscava exercer maior controle sobre esses órgãos. O combate à corrupção é uma das principais reformas exigidas pela União Europeia para a candidatura da Ucrânia à entrada no bloco.
