O Senado aprovou por unanimidade, e a Câmara dos Representantes por 427 votos a 1, um projeto de lei que permite a liberação dos arquivos relacionados ao caso Epstein, em um raro consenso entre partidos. Embora a votação dos senadores estivesse prevista para depois, devido ao feriado de Ação de Graças, o líder da maioria no Senado, John Thune, declarou que não faria alterações no texto, pois Trump anunciou que pretende sancionar a lei rapidamente.
Com a assinatura do presidente, espera-se que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgue todos os documentos sobre o caso Epstein em até 30 dias, exceto informações que revelem a identidade de menores ou processos em curso.
No entanto, há incertezas sobre a rapidez dessa divulgação, já que parlamentares republicanos levantaram preocupações de que investigações ordenadas por Trump sobre possíveis ligações de Epstein com líderes democratas possam atrasar o processo. O deputado conservador Thomas Massie expressou receio de que essas novas investigações sejam usadas como justificativa para adiar a liberação dos documentos. Por sua vez, Marjorie Taylor Greene, que mudou sua posição e passou a defender a divulgação, alertou que os arquivos podem ficar bloqueados devido a essas apurações. Mesmo assim, o Departamento de Justiça tem autonomia para divulgar os documentos a qualquer momento.
O caso Epstein voltou a ser destaque após a divulgação, por parte dos partidos democrata e republicano, de vastos documentos relacionados ao financista e criminoso sexual. Entre os documentos, há e-mails e relatos que mencionam o presidente americano. Em uma mensagem de 2011, Epstein alegou que Trump passou horas em sua residência com uma menor cuja identidade foi mantida em sigilo. Em outra mensagem, de 2019, ele afirmou que Trump estava ciente das garotas envolvidas na rede de tráfico sexual que comandava.
Trump nega qualquer envolvimento e diz que rompeu relações com Epstein em 2004. O presidente, que até pouco tempo se opunha à divulgação dos arquivos, surpreendeu ao anunciar apoio à votação para liberar os documentos. O assunto tem causado controvérsia: em entrevista na Casa Branca, Trump atacou jornalistas que cobrem o escândalo.
As vítimas do esquema de tráfico sexual, como Annie Farmer, clamam pela divulgação dos documentos como uma questão de justiça. Sua irmã, Maria Farmer, foi a primeira a denunciar Epstein às autoridades em 1996, ainda na administração de Bill Clinton. Segundo as vítimas, houveram diversas falhas institucionais que permitiram a continuidade dos abusos por décadas.
Os documentos detalham a extensão dos crimes: investigações federais revelam que Epstein abusou e explorou sexualmente dezenas de meninas, muitas menores, em suas residências em Nova York e Flórida, entre outros locais. Entre 2002 e 2005, ele recrutava jovens para encontros em suas propriedades, pagando-as em dinheiro após os abusos, com estimativas de mais de mil vítimas.
Epstein morreu na prisão em 2019 enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual. Sua sócia, Ghislaine Maxwell, peça central no esquema, foi condenada em 2022 e cumpre pena de 20 anos, com esforços de seus advogados para reduzir a sentença.
