O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exerceu pressão sobre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para que ele aceitasse as condições impostas pela Rússia, com o objetivo de encerrar o conflito entre as duas nações. A informação foi divulgada pelo jornal britânico Financial Times na edição deste domingo (19/10).
O periódico ressaltou que a conversa entre Trump e Zelensky, ocorrida na Casa Branca, foi marcada por tensão — o republicano teria alertado ao líder ucraniano que Vladimir Putin ameaçara destruir a Ucrânia caso não houvesse um acordo.
Fontes anônimas contaram ao jornal que, em muitos momentos, o encontro entre os dois presidentes se transformou em uma discussão acalorada, com Trump utilizando palavras fortes durante toda a conversa.
Além disso, o Financial Times informou que Trump insistiu para que Zelensky cedessem toda a área de Donbass a Putin, afirmando que o presidente russo havia ligado no dia anterior para reforçar essa condição.
Trump e Zelensky se encontraram nos Estados Unidos na última sexta-feira (17/10). Na ocasião, o republicano declarou que o conflito entre as duas nações deveria cessar imediatamente, com ambas as partes “parando onde estão” e podendo declarar vitória.
“Já houve sangue demais derramado, com os limites das propriedades sendo definidos pela guerra e pela bravura. Eles devem interromper os combates onde se encontram”, escreveu Trump na plataforma Truth Social. “Que ambos possam reivindicar a conquista, deixando que a história decida! Chega de disparos, mortes e gastos excessivos e insustentáveis.”
Encontro em Washington
A reunião entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky se deu um dia após o republicano ter conversado por telefone com o presidente russo Vladimir Putin. O encontro, considerado importante para o futuro do apoio americano a Kiev e para esclarecer a posição dos Estados Unidos diante da guerra no Leste Europeu, terminou sem um resultado definido.
Entre os tópicos tratados, figurou a possível entrega de mísseis de cruzeiro Tomahawk à Ucrânia — questão que gera divergências nos altos escalões da Casa Branca e é considerada “extremamente delicada”. Antes desse encontro, Trump afirmou acreditar que “a Rússia está disposta a solucionar o problema” e que há “boas possibilidades de encerrar este conflito”.
De acordo com o Kremlin, a conversa entre Putin e Trump foi “aberta e construtiva”, focando nas negociações para um cessar-fogo e na possibilidade de organizar uma cúpula internacional em Budapeste, na Hungria, nas próximas semanas. Moscou também teria alertado Washington que o envio dos mísseis poderia “prejudicar significativamente” as relações bilaterais.