O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem aumentado a pressão sobre seu Partido Republicano nas últimas semanas, manifestando preocupação com a possibilidade de os democratas assumirem o controle do país nas próximas eleições. Através da rede Truth Social, Trump tem exigido a seus aliados a revogação de uma regra parlamentar que beneficia os democratas.
Essa pressão vem em meio à vitória do democrata Zohran Mamdani, deputado estadual de 34 anos, muçulmano e socialista assumido, eleito prefeito da maior cidade dos Estados Unidos, Nova York.
Trump atacou Zohran, rotulando-o como comunista e ameaçando cortar repasses federais para Nova York caso ele vencesse as eleições.
O pleito em Nova York ocorreu num contexto de forte polarização política e crise econômica, funcionando como indicativo do descontentamento popular e da capacidade do Partido Democrata de se renovar na cidade. A votação aconteceu durante o período mais longo de paralisação do governo federal na história dos Estados Unidos.
Após a vitória de Zohran, Trump intensificou suas mensagens aos aliados, afirmando que devem derrubar a regra parlamentar conhecida como filibuster, que, no Senado, exige 60 votos para aprovar uma lei, permitindo que a minoria bloqueie propostas. Com apenas 53 cadeiras, os republicanos precisariam do apoio de 7 democratas para conseguir aprovar qualquer proposta.
Tanto republicanos quanto democratas vêm se incomodando com o filibuster nos últimos anos.
Trump alegou que os republicanos precisam abolir essa regra para evitar perder o controle do Congresso e da Casa Branca nas próximas eleições. Ele afirmou que, sem a abolição, será impossível para os republicanos aprovarem políticas sensatas, pois os democratas bloquearão tudo recusando-se a votar.
Ele prometeu que a eliminação da regra resultaria em eleições justas e livres, com foco em políticas como fronteiras seguras, cortes de impostos, energia e a preservação de direitos tradicionais, alertando que a manutenção da regra favoreceria uma Suprema Corte inclinada para os democratas.
O cientista político Diego Sanches Corrêa, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC), analisou que a vitória dos democratas, junto com outros resultados eleitorais recentes, representa um aviso para Trump. Ele ressaltou que as eleições legislativas do próximo ano serão decisivas para a renovação do Congresso.
Segundo Sanches, os republicanos atualmente detêm uma maioria estreita, que dá maior governabilidade ao presidente, mas a perda dessa maioria complicaria a gestão do segundo mandato. É compreensível que Trump pressione seus aliados para fortalecer sua imagem e a do partido para as próximas eleições, consideradas as mais importantes de seu mandato até agora.
Sanches explicou que o filibuster é uma tática tradicional nos Estados Unidos usada por partidos minoritários para obstruir votações, prolongando debates e impedindo decisões. Atualmente, os democratas, como minoria, utilizam essa estratégia para bloquear iniciativas do governo e do partido majoritário.
É comum que presidentes percam a maioria durante o mandato, algo observado tanto em Barack Obama quanto no primeiro mandato de Trump. No entanto, para este último, a situação é preocupante, pois ele quer agilizar sua agenda pressionando o Partido Republicano a adotar uma postura mais agressiva diante dessa tática democrática.
Assim, a prioridade para Trump é conseguir avanços significativos neste último mandato, sabendo que após deixar o cargo não terá mais cargos públicos para disputar.