O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (29/10) a autorização para a realização de testes nucleares no país. Segundo ele, a medida visa “equalizar as condições” em relação a outras potências, como Rússia e China, que estão atualizando seus arsenais.
A declaração foi feita em uma postagem na Truth Social, rede social usada por Trump para divulgações oficiais. No comunicado, o republicano ressaltou que os Estados Unidos dispõem de mais armamentos nucleares do que quaisquer outras nações e lembrou que, durante seu primeiro mandato, conduziu uma completa renovação do arsenal.
“Devido ao seu imenso poder destrutivo, tomei essa decisão, sem outra alternativa”, disse o presidente. “A Rússia está em segundo lugar e a China em terceiro distante, mas essa situação será equivalente em cinco anos. […] Ordenei ao Departamento de Defesa que inicie imediatamente testes de nossas armas nucleares em igualdade de circunstâncias.”
Atualmente, os Estados Unidos, Rússia e China detêm as maiores capacidades nucleares do planeta. Conforme dados da Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (Ican), em 2023, foram investidos mais de US$ 2,8 mil por segundo em armamentos de destruição em massa. O aumento das tensões fez com que a Organização das Nações Unidas (ONU) considerasse o momento o maior risco de conflito nuclear desde a Guerra Fria.
Conflito nuclear entre grandes potências
Essa recente posição contrariou declarações anteriores do republicano. Desde o início de seu segundo mandato, em janeiro, Trump manifestou interesse em negociar uma redução dos armamentos nucleares com os líderes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping. No entanto, essas conversas ainda não evoluíram.
Em agosto, ele defendeu a ideia de uma desnuclearização conjunta entre as três nações durante visita do presidente sul-coreano, Lee Jae Myung, a Washington. “Não podemos permitir a proliferação dessas armas. Devemos eliminá-las completamente. O poder é enorme”, declarou.
A decisão ocorre no meio das discussões sobre o futuro do tratado New START, firmado entre Estados Unidos e Rússia em 2010, que limita a 1.550 o número de ogivas nucleares estratégicas por país, além de impor inspeções mútuas e restrições a mísseis e bombardeiros. O acordo vencerá em fevereiro de 2026.
Em declarações recentes, Trump afirmou que deseja a renovação do tratado e que a administração americana está trabalhando para isso. Por outro lado, a Rússia suspendeu unilateralmente sua participação em 2023 após o início do conflito na Ucrânia.
Vladimir Putin respondeu que, se os Estados Unidos não pretendem renovar o pacto, a Rússia também não. “Confiamos em nosso escudo nuclear e estamos preparados para o futuro”, disse durante o Fórum Valdai, no começo de outubro.
O líder russo sugeriu ainda que futuros acordos incluam outras potências atômicas, como China, França e Reino Unido, defendendo uma abordagem “multipolar”. Contudo, especialistas interpretam a proposta como uma tentativa de postergar responsabilidades no controle global de armamentos.
