Enquanto impõe uma tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem tido uma postura ambígua sobre a Venezuela. Com rígidas medidas contra o Brasil, ele mantém uma política alternada de confrontos e gestos com o governo de Nicolás Maduro.
Relação entre EUA e Maduro
Os Estados Unidos, frequentemente alvo dos discursos anti-imperialistas de Maduro, questionam a legitimidade de seu governo, suspeitando de fraude nas últimas eleições venezuelanas e reconhecendo Edmundo González, adversário de Maduro, como legítimo vencedor.
Acusando a Venezuela de ser um país hostil às liberdades defendidas pelos americanos, os EUA foram dos primeiros a sancionar o governo chavista sob a administração de Trump. Em fevereiro, ele reintroduziu sanções ao petróleo venezuelano, revertendo flexibilizações de sua antecessor, Joe Biden, alegando que os acordos para eleições livres não foram cumpridos.
Essa medida impactou diretamente a Chevron, empresa americana que negociava petróleo com estatais venezuelanas.
Antes de anunciar tarifas comerciais contra outros países, Trump já havia aplicado uma taxa adicional de 25% contra importações de petróleo e gás da Venezuela.
Acusações do governo americano
No final de semana, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, chamou Maduro de “chefe de cartel”, negando sua legitimidade e prometendo a restauração da democracia venezuelana, considerada por eles um regime criminoso.
A líder da oposição, María Corina Machado, reuniu-se com diplomatas dos EUA para discutir uma transição pacífica no país.
Negociações e pragmatismo
Apesar das sanções, o governo americano mantém um diálogo pragmático com a Venezuela. Desde janeiro, houve negociações envolvendo a situação de imigrantes e americanos presos no país.
Após críticas de Maduro à deportação de venezuelanos acusados de pertencer a grupos criminosos, houve uma troca de prisioneiros em julho que resultou na liberação de centenas de venezuelanos e americanos detidos em ambos os países.
Além disso, a Chevron recebeu permissão para retomar suas atividades na Venezuela, produzindo cerca de 220 mil barris de petróleo por dia.
Especialistas afirmam que as ações dos EUA representam contradições internas, variando entre setores pragmáticos focados no comércio e outros mais radicais que buscam mudanças políticas pelo uso de sanções econômicas.
Segundo a professora Carol Silva Pedroso, da Unifesp, a gestão Trump envia mensagens contraditórias, alternando entre abertura para diálogo em assuntos específicos e uso de pressões econômicas para enfraquecer o regime chavista.