O presidente Donald Trump autorizou secretamente o Pentágono a utilizar força militar dos Estados Unidos contra cartéis de drogas na América Latina, que o governo norte-americano considera como organizações terroristas. Conforme reportado pelo jornal The New York Times, essa diretiva estabelece uma fundamentação oficial para possíveis ações militares diretas em solo estrangeiro ou no mar contra esses cartéis.
Essa nova abordagem difere das operações anteriores de combate às drogas, pois foca nas forças dos EUA para capturar ou eliminar diretamente os envolvidos no tráfico. Além disso, abre caminho para operações militares fora do território dos Estados Unidos.
Entre as organizações consideradas terroristas pelo governo dos EUA na América Latina estão o Tren de Aragua e o Cartel de los Soles — este último ligado ao governo de Nicolás Maduro, na Venezuela — e o Cartel de Sinaloa, no México. Em maio, a administração de Donald Trump avaliava a possibilidade de classificar as facções brasileiras PCC e Comando Vermelho (CV) como grupos terroristas, porém o governo de Lula negou essa classificação na época.
A ordem emitida por Trump é considerada pelo The New York Times como a ação mais ousada até agora na intensificação da campanha do governo contra os cartéis.
Embora os militares norte-americanos já tenham começado a planejar operações, essa iniciativa enfrenta barreiras legais, visto que a autorização do Congresso para uso da força militar, aprovada após o 11 de setembro, não se aplica automaticamente a grupos denominados terroristas pelo Executivo.
Mesmo assim, o governo dos Estados Unidos justifica a ação com base no direito à legítima defesa nacional, relacionando os cartéis ao crescente número de overdoses no país.
Especialistas consultados alertam que, fora de um conflito armado formal, ações letais das forças militares norte-americanas contra civis ou suspeitos podem ser consideradas assassinatos. Adicionalmente, o emprego de força armada em solo estrangeiro sem o consentimento explícito do governo local — que o México já rejeitou antecipadamente — violaria normas fundamentais do direito internacional.
A ideia de utilizar o Exército norte-americano contra os cartéis ganhou força entre conservadores e se tornou uma promessa central da campanha de Donald Trump para as eleições de 2024, na qual ele se comprometeu a enfrentar firmemente essas organizações criminosas.