Após o reconhecimento oficial do governo Talibã pela Rússia, a administração de Donald Trump discretamente começou tratativas com as novas autoridades afegãs, sinalizando uma nova fase nas relações entre os Estados Unidos e o Afeganistão.
Retirada dos EUA e retorno do Talibã
Após duas décadas de presença militar americana, o Talibã retomou o controle do Afeganistão em 2021, resultado da saída das tropas americanas durante o governo de Joe Biden. O acordo que estabeleceu o fim da guerra e a retirada dos soldados foi firmado em 2020, na gestão de Trump.
Trump criticou duramente a retirada militar, especialmente após o ataque suicida no Aeroporto de Cabul, que causou a morte de treze soldados americanos.
Apesar de ser reconhecido como governo oficial apenas pela Rússia, o Talibã mantém relações internacionais. No entanto, sua administração enfrenta críticas severas por violações contra os direitos das mulheres afegãs.
Negociações recentes e troca de prisioneiros
Na última semana, o enviado especial de Trump para Assuntos de Reféns, Adam Boehler, visitou o Afeganistão e se encontrou com líderes talibãs como Abdul Ghani Baradar e Mawlawi Amir Khan Muttaqi. O encontro resultou em um acordo para trocar detentos entre os EUA e o Talibã.
Os detalhes sobre o número de prisioneiros ou datas para a troca não foram divulgados, mas esta será a terceira negociação do tipo desde janeiro deste ano, após Trump reassumir a presidência. Trocas anteriores envolveram a libertação de um combatente afegão na Califórnia e de um cidadão americano sequestrado e mantido como refém pelo Talibã.
Equipamentos militares e futuro das tropas
Apesar das conversas, Trump ainda se incomoda com a retirada desordenada das tropas americanas, que deixaram no Afeganistão aproximadamente US$ 7 bilhões em equipamentos militares, que agora reforçam o Talibã.
O grupo talibã considera essas armas como propriedades recuperadas pertencentes ao povo afegão. Até o momento, não há confirmação se as negociações incluem a devolução desse armamento.
Trump mencionou sua intenção de enviar tropas americanas de volta, inclusive reocupando a base aérea de Bagram, que foi a maior instalação militar dos EUA no país durante os anos de ocupação.