A Casa Branca confirmou nesta sexta-feira (10/10) o início de uma rodada de demissões em massa entre servidores federais, em meio à paralisação do governo dos Estados Unidos. A medida segue as ameaças do presidente Donald Trump de diminuir o tamanho do serviço público e cortar gastos durante o shutdown, que já afeta muitos trabalhadores.
Essa é a primeira paralisação governamental em quase sete anos. A última aconteceu no primeiro mandato presidencial de Trump, suspendendo funções do governo por 35 dias em dezembro de 2018.
O que é shutdown?
Nos EUA, shutdown refere-se à paralisação parcial do governo federal quando o Congresso não aprova o orçamento. Sem autorização de gastos, departamentos e agências não funcionam normalmente.
Somente serviços essenciais – defesa, hospitais, forças armadas – continuam ativos. Setores não essenciais, como museus, parques e parte do serviço público, param suas atividades.
Servidores afetados podem ser afastados ou trabalhar sem garantia de pagamento imediato, ampliando os impactos econômicos e sociais.
Histórico
- 2018–2019: Trump condicionou o orçamento para construir um muro na fronteira com o México. Isso provocou o shutdown mais longo da história, 35 dias, com 800 mil servidores sem salário e prejuízo de cerca de US$ 3 bilhões.
- 2025: Novo impasse sobre recursos para saúde e programas sociais trava o governo. Cerca de 750 mil servidores ficam sem pagamento em meio a cortes e tensões.
Segundo o New York Times, as demissões devem atingir agências como Comércio, Educação, Energia, Segurança Interna, Saúde e Serviços Humanos e Tesouro. Sindicatos afirmam que 1,3 mil desligamentos estão previstos só no Departamento do Tesouro.
O diretor de orçamento da Casa Branca, Russell Vought, confirmou os cortes no X (antigo Twitter), afirmando que as “RIFs começaram” – sigla para redução de pessoal no setor público dos EUA.
Entenda o impasse
A decisão ocorre em um cenário de disputa fiscal, sem previsão de acordo entre republicanos e democratas para terminar o fechamento parcial do governo. Em vez de negociar, Trump usa o shutdown para defender a reorganização do orçamento federal e pressionar adversários políticos.
Tudo começou quando o Senado não aprovou um plano temporário de financiamento proposto pelos republicanos, que já havia sido aprovado pela Câmara, para manter o governo funcionando até 21 de novembro. Com isso, o governo parou.
Embora os republicanos tenham maioria com 53 cadeiras, não conseguiram os 60 votos necessários para vencer o bloqueio democrático. Três democratas votaram a favor, insuficiente para evitar a paralisação.
Trump afirmou em reunião de gabinete que cortará programas populares entre os democratas, mas impopulares entre republicanos, dando a eles “um pouco do seu próprio remédio”.
O governo suspendeu ou congelou bilhões de dólares em repasses federais principalmente a cidades e estados comandados por democratas. Além disso, ameaçou eliminar o que chama de “agências democratas”, promovendo cortes permanentes nos gastos sem aprovação do Congresso.