O aumento da tarifa para 50% contra a Índia, estabelecido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrou em vigor na quarta-feira (27/8). Inicialmente, a sanção econômica era de 25%, mas a penalidade tarifária dobrou após a Índia adquirir petróleo da Rússia durante o conflito na Ucrânia, quando o preço do produto estava em queda.
Em entrevista ao jornal americano NBC News, o vice-presidente dos EUA, James David Vance, explicou que as sanções visam pressionar o líder russo, Vladimir Putin, a pôr fim à guerra na Ucrânia, visto que os países mantêm relações comerciais. A medida inicial contra a Índia foi uma retaliação pela compra de energia e material militar russos.
“O presidente adotou uma estratégia econômica agressiva, como as tarifas secundárias à Índia, para dificultar o lucro da Rússia com seu setor petrolífero. Ele buscou demonstrar que a Rússia poderá ser reintegrada ao mercado global caso cesse os combates. Trump aplicou mais pressão econômica do que Biden em três anos”, afirmou Vance.
A Índia destaca-se como uma das economias que mais crescem no mundo, tendo os EUA como seu maior parceiro comercial em exportações. Em meio a tensões econômicas agravadas, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, reforçou a importância da autossuficiência, incentivando investimentos no mercado interno.
”Para mim, a prioridade são os interesses dos agricultores, pequenos comerciantes e produtores de leite. Meu governo assegurará que eles não sejam prejudicados”, declarou Modi, que criticou o aumento tarifário de Trump como uma questão de “egoísmo econômico”.
Apesar de cinco rodadas de negociação, os acordos comerciais entre Índia e EUA permanecem sem avanços, devido principalmente à resistência indiana em permitir maior entrada de produtos americanos mais baratos, o que poderia afetar a subsistência de milhões no país.
O comércio bilateral alcançou US$ 129 bilhões em 2024, com os EUA apresentando déficit comercial de US$ 45,7 bilhões, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos.
De acordo com o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), Trump tentou várias vezes conversar por telefone com Modi nas últimas semanas, mas o contato não foi aceito.
A Índia faz parte do grupo econômico Brics — que inclui Brasil, Rússia, China e outros países — o qual Trump acusou de prejudicar os interesses americanos.