Nova Iorque e Brasília — O presidente dos Estados Unidos (EUA) Donald Trump fez seu discurso na abertura da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira (23/9), logo depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tradicionalmente é o primeiro chefe de Estado a falar. O presidente brasileiro abriu a sessão, seguido pelo líder americano.
No seu pronunciamento, Lula criticou duramente as “sanções arbitrárias”, numa clara alusão ao governo de Trump.
Espera-se que a fala de Trump ressalte o “retorno da força americana”. Segundo a secretária de imprensa do governo americano, Karoline Leavitt, o presidente fará um discurso “direto” e “enfático” sobre os “fracassos do globalismo”.
O evento começou às 10h com o discurso do secretário-geral da ONU, António Guterres, que defendeu o multilateralismo e destacou a importância da paz mundial: “A paz é nossa primeira obrigação”.
A porta-voz de Trump afirmou que o presidente discorda da decisão de países europeus que reconheceram o Estado da Palestina recentemente, incluindo França, Mônaco, Luxemburgo, Bélgica, Malta e Andorra, decisão tomada durante uma conferência de dois estados para o conflito palestino-israelense, apoiada por franceses e sauditas.
Donald Trump deve participar de uma reunião com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Egito, Jordânia, Turquia, Indonésia e Paquistão para apresentar uma proposta de paz e ações de governança pós-guerra entre Israel e Gaza.
Tensões entre Brasil e Estados Unidos
Esse encontro ocorre um dia após os EUA anunciarem novas sanções contra autoridades brasileiras relacionadas à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Essa é a primeira visita do presidente Lula aos Estados Unidos desde as tarifas impostas por Trump.
Na segunda-feira de manhã, o governo americano incluiu Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, entre os sancionados pela Lei Magnitsky, além de suspender o visto do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, e de outras autoridades brasileiras.
Embora os discursos tenham sido próximos em data, não há indicações de diálogo entre os líderes. Em entrevista recente à BBC News, Lula expressou disposição para negociar diretamente com Trump sobre as tarifas durante sua passagem por Nova Iorque.
“Se ele passar por mim, vou cumprimentá-lo, pois sou uma pessoa civilizada. Converso com todos e estendo a mão. Desde o início da minha vida política, sempre negociei. Portanto, isso não é problema para mim”, afirmou o presidente.