O gabinete de Volodymyr Zelensky anunciou, nesta quinta-feira (20/11), que recebeu do governo dos Estados Unidos um esboço de um novo plano de paz elaborado pela administração de Donald Trump para tentar encerrar a guerra com a Rússia. A proposta, segundo Kiev, “poderia revitalizar a diplomacia”, mas inclui exigências que retomam concessões já recusadas por ambos os lados e ampliam o papel de Moscou nos territórios ocupados.
Em comunicado, o gabinete do ucraniano afirmou que o presidente planeja discutir com Trump, nos próximos dias, “as oportunidades diplomáticas existentes” e os pontos considerados essenciais para uma eventual paz.
Concessões territoriais à Rússia
Segundo os detalhes divulgados pela imprensa internacional, os Estados Unidos propõem que Ucrânia e aliados reconheçam a soberania da Rússia sobre a Crimeia, o Donbass e outras áreas atualmente ocupadas.
Em troca, Kiev receberia garantias de segurança de Washington e de capitais europeias, além da criação de uma zona desmilitarizada nas regiões de retirada ucraniana. O exército da Ucrânia seria reduzido pela metade e perderia acesso a sistemas de armas de longo alcance. Tropas estrangeiras estariam proibidas de atuar no país, e o idioma russo se tornaria oficial.
O pacote também contempla o levantamento de sanções contra Moscou.
Reportagens do Axios e do Wall Street Journal apontam ainda que a linha de combate nas regiões de Kherson e Zaporozhye seria congelada, e que a Rússia devolveria apenas uma parte dos territórios ocupados.
Em Donbass, a Ucrânia teria de ceder toda a região, incluindo cidades atualmente sob controle ucraniano, como Kramatorsk e Sloviansk, para criar uma zona desmilitarizada. Outro ponto polêmico é um arranjo de “aluguel”, no qual Moscou faria pagamentos pelo controle de fato do território, mantendo a propriedade legal em nome de Kiev.
Ao que tudo indica, a elaboração do plano foi conduzida pelo enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, em contato direto com o negociador russo Kirill Dmitriev, sem participação da Europa — e com a própria Ucrânia, inicialmente excluída do processo.
Posição de Moscou
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, havia afirmado no início desta semana, após declarações de Zelensky sobre novas negociações, que nenhuma ação específica foi comunicada e que Moscou ainda não foi convidada para novos diálogos.
Ele declarou que não recebeu qualquer informação desse tipo por parte de Kiev até o momento.
