O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encontra-se nesta sexta-feira (15/8) com o líder russo Vladimir Putin em Anchorage, no Alasca, para uma reunião que visa explorar alternativas para encerrar o conflito na Ucrânia. O encontro ocorre sem a presença de representantes ucranianos.
Trump anunciou o encontro, que chamou de “cara a cara”, no final da semana passada, reacendendo a possibilidade de um diálogo mais direto sobre o fim do conflito que já se arrasta por três anos na Europa Oriental.
Putin, por outro lado, chega à reunião se considerando vitorioso pelo fracasso das tentativas ocidentais de isolá-lo politicamente.
O local do encontro, o Alasca, é uma escolha simbólica que favorece Moscou, por sua proximidade geográfica com a Rússia e por seu histórico de ter sido vendido aos Estados Unidos no século XIX.
Resistência nas negociações
Putin exige a manutenção do controle russo sobre todas as regiões ucranianas ocupadas, incluindo Donetsk, Luhansk, Zaporizhzhia e Kherson, solicitando a retirada das tropas ucranianas desses territórios.
A Ucrânia repudia essas reivindicações e acusa a Rússia de preparar novas ofensivas militares.
Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, afirmou com veemência que não reconhecerá qualquer decisão tomada sem a participação da Ucrânia, ressaltando a impossibilidade de discutir o país sem a presença de sua representação oficial.
Trump busca também capitalizar seu papel de mediador global, oscilando entre críticas e elogios a ambos os líderes desde seu retorno à Casa Branca. Apesar de ter temporariamente suspendido o apoio militar à Ucrânia e imposto prazos para sanções contra a Rússia, ele já recuou em diversas ocasiões.
Recentemente, Trump classificou a reunião como um “encontro preliminar”, dizendo que poderá decidir rapidamente se há possibilidade de acordo.
Negociações anteriores
Em maio deste ano, Rússia e Ucrânia iniciaram suas primeiras negociações diretas desde o começo do conflito, uma iniciativa do presidente Putin. A expectativa era de uma reunião direta com Zelensky, que não ocorreu, sendo substituída por representantes do governo russo.
Os encontros realizados na Turquia resultaram apenas em acordos para troca e devolução de soldados feridos e corpos de mortos.
Encontros reservados e propostas econômicas
A reunião no Alasca começará com um encontro privado entre Trump e Putin, acompanhados apenas por intérpretes. Não está prevista a assinatura de acordos neste momento, mas há possibilidade de compromissos futuros, até mesmo em território russo.
Trump estaria preparando propostas econômicas para incentivar Moscou a aceitar um cessar-fogo.
Essas propostas incluem conceder à Rússia acesso a minerais valiosos de terras raras localizados em áreas ucranianas ocupadas e possivelmente em território do Alasca. Além disso, a suspensão parcial de sanções aplicadas ao setor de aviação russo está em análise.
Trump afirmou que não negociará territórios sem a presença e participação de Zelensky.
A Ucrânia possui cerca de um terço das reservas europeias de minerais estratégicos, como o lítio, concentrando aproximadamente 3% dos depósitos mundiais. Em abril, os Estados Unidos e o governo ucraniano firmaram um acordo que garante o acesso americano a esses recursos.
Ademais, Trump consideraria permitir que a Rússia explore recursos no Estreito de Bering, região com aproximadamente 13% das reservas globais de petróleo.