O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou, nesta sexta-feira (10/10), a decisão do Comitê Norueguês do Nobel de conceder o Prêmio Nobel da Paz à líder da oposição venezuelana María Corina Machado. Após um período de silêncio, o republicano afirmou que recebeu uma ligação da vencedora, que teria dito que ele ‘merecia o prêmio’.
“A pessoa que realmente conquistou o Prêmio Nobel ligou para mim hoje e disse: ‘Estou aceitando isso em sua homenagem, porque você realmente mereceu. Foi um gesto muito gentil’”, declarou Trump, durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval.
Segundo Trump, Machado foi ‘muito amável’ e reconheceu o papel do país norte-americano no apoio à oposição venezuelana. “Eu não pedi o prêmio, mas acho que ela poderia ter oferecido. A Venezuela precisa de muita ajuda, é uma situação desastrosa”, afirmou ele.
A coletiva, que inicialmente focaria no anúncio de um acordo com a farmacêutica AstraZeneca para reduzir o custo de medicamentos para diabetes e asma, foi dominada por perguntas relacionadas ao Nobel.
Trump aproveitou para destacar seu papel na mediação do cessar-fogo entre Israel e Hamas, que descreveu como “o acordo de paz mais significativo até agora”.
Pela manhã, o presidente evitou falar sobre a derrota, optando por postar no Truth Social mensagens exaltando suas negociações internacionais e compartilhando elogios da imprensa conservadora, como a rede Newsmax, que o creditavam pela “paz no Oriente Médio”. Nenhuma dessas postagens mencionou Machado.
Ele era considerado o favorito por aliados e seguidores do movimento MAGA, que chegaram a sugerir que o prêmio fosse nomeado em sua homenagem. Seu filho, Eric Trump, e outros membros da base republicana argumentaram que o cessar-fogo em Gaza era tão importante que o comitê deveria premiá-lo por unanimidade.
Reação do Comitê
Ao anunciar o prêmio, o presidente do Comitê Norueguês, Jørgen Watne Frydnes, destacou que a escolha de María Corina Machado se baseou em sua “coragem e integridade”.
“O comitê se reúne em uma sala adornada com retratos de laureados, um espaço marcado por coragem e integridade. Nossa decisão foi guiada exclusivamente pela vontade de Alfred Nobel”, disse Frydnes, sem mencionar diretamente Trump.
Machado foi reconhecida por sua resistência pacífica diante da repressão e seu compromisso com a democracia na Venezuela.
Trump havia feito campanha pelo prêmio ao longo da semana. Em entrevista na Casa Branca, adotou um tom cauteloso: “Não sei. Acho que ninguém resolveu tantas guerras quanto eu, mas talvez encontrem um motivo para não me concederem o prêmio”.
Se ganhasse, Trump teria sido o quinto presidente dos EUA a ser laureado com o Nobel da Paz — seguindo Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson, Jimmy Carter e Barack Obama.
“O Comitê Nobel pode não compreender, mas o mundo entende”, concluiu o presidente.