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quarta-feira, 25/06/2025




Trump diz que Irã tinha programa nuclear e contradiz agências dos EUA

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Victor Lacombe
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em carta enviada ao Congresso que as instalações nucleares iranianas atingidas por bombardeio americano abrigavam um programa para o desenvolvimento de armas nucleares, contradizendo as informações das agências de inteligência dos EUA, que negam a existência desse programa.

Na carta enviada ao presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, e disponibilizada pela Casa Branca, o documento aponta que as Forças Armadas americanas realizaram um ataque de precisão contra três locais nucleares no Irã associados ao desenvolvimento de armas nucleares pelo governo da República Islâmica.

Não está claro com base em quais dados Trump fundamenta essa alegação. Em relatório apresentado ao Congresso em março, a diretora de Inteligência Nacional dos EUA, Tulsi Gabbard, declarou que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, ainda não havia decidido retomar o programa nuclear do país, suspenso oficialmente em 2003.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informa que o Irã tem enriquecido urânio além dos níveis necessários para fins civis. Atualmente, cerca de 400 kg de urânio são enriquecidos a 60% de pureza.

Para comparação, reatores nucleares para energia elétrica usam urânio enriquecido a cerca de 5%, enquanto armas atômicas requerem pureza de 90% ou mais. Especialistas afirmam que o Irã poderia aumentar rapidamente o grau de enriquecimento do urânio que possui.

No entanto, o aspecto fundamental é que não há evidências de que o governo iraniano tenha optado por produzir armas nucleares. O país ainda é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que proíbe a fabricação de armas nucleares por estados não possuidores, e desde 2003 possui uma fatwa, uma decisão jurídica islâmica, do aiatolá Khamenei, proibindo a fabricação da bomba atômica.

O governo iraniano oficializa que seu programa nuclear é destinado apenas a usos pacíficos.

A carta de Trump ao Congresso sugere que o presidente desconsiderou as análises das agências de inteligência americanas ao ordenar o ataque sem precedentes contra as instalações nucleares em Fordow, Natanz e Isfahan, no Irã.

Esse episódio gerou comparações com as declarações feitas por George W. Bush em 2003 para justificar a invasão do Iraque, alegando que o país possuía armas de destruição em massa, que posteriormente não foram encontradas.

Antes do ataque, quando questionado sobre o relatório de Gabbard que negava o programa nuclear iraniano, Trump respondeu que não dava importância ao parecer dela e acreditava que o Irã estava próximo de desenvolver uma bomba atômica.

Gabbard, aliada próxima do presidente, suavizou suas declarações, afirmando que a espionagem indica que o Irã poderia produzir uma arma nuclear em semanas ou meses, caso decidisse, argumento compartilhado por Israel e seu primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Trump e seu secretário de Defesa, Pete Hegseth, garantem que o ataque americano destruiu completamente o programa nuclear iraniano. Contudo, um relatório confidencial divulgado pela imprensa americana aponta que o bombardeio atrasou o programa apenas por alguns meses.




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