O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta quarta-feira (25), durante a reunião de cúpula em Haia, que o aumento significativo dos gastos militares aprovado pela Otan após sua pressão representa uma “grande vitória para todos”.
A cúpula da Otan em Haia está prestes a aprovar um aumento histórico nos investimentos militares, estabelecendo a meta de 5% do PIB para cada país membro, apesar da resistência da Espanha, que deseja limitar seu gasto a 2,1%.
“Esta é uma grande conquista para todos. Acredito que em breve estaremos equilibrados, e assim deve ser”, afirmou o presidente americano, cujo país lidera as contribuições da Aliança, com 62% dos gastos totais no último ano.
“Há anos venho pedindo para que aumentem para 5%, e eles vão alcançar esse valor… Isso será uma notícia excelente”, acrescentou Trump, ao lado do secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
Ao iniciar a sessão plenária com os 32 líderes, Rutte elogiou a influência de Trump, que tem pressionado para que os Estados Unidos revisem sua proteção ao continente europeu desde a Segunda Guerra Mundial. “Querido Donald, você tornou tudo isso possível”.
“Vamos tomar decisões históricas e significativas para garantir mais segurança ao nosso povo, com uma Otan mais forte, justa e efetiva”, complementou o secretário-geral.
Este aumento ambicioso representará um grande rearmamento no continente europeu, ainda abalado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, país que a Aliança pretende continuar apoiando.
Até o momento, o consenso girava em torno de um mínimo de 2% do PIB, patamar alcançado apenas por 22 dos 32 membros no ano passado.
Flexibilidade para a Espanha
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, afirmou ter negociado com Rutte uma margem de flexibilidade para o país, permitindo aumentar seu gasto militar para até 2,1% do PIB.
Sánchez defende que esse nível é suficiente para que a Espanha contribua com as capacidades necessárias à aliança, considerando que 5% seria “excessivo” e “razoavelmente inadequado”.
Trump criticou a posição espanhola, classificando-a como “injusta” para os demais países da Otan e um “problema”.
Apesar das reservas da Espanha, Bélgica e Eslováquia, autoridades afirmam que ao final da cúpula haverá unidade entre os países.
Rutte expressou confiança de que a Espanha não causará problemas e reafirmou que o acordo de 5% não tem exceções e que todos os membros se comprometem com o aumento dos gastos.
A meta de 5% até 2035 inclui 3,5% destinados diretamente a gastos militares (compra de armas, salários) e 1,5% para investimentos em áreas como cibersegurança, infraestrutura e proteção de fronteiras, para usos civis e militares.
Evitar surpresas
Os organizadores da cúpula fizeram esforços para garantir que o encontro ocorra sem contratempos, permitindo que Trump reivindique uma vitória diplomática ao fazer com que Europa e Canadá aumentem os investimentos em sua própria defesa.
De forma simbólica e política, Trump teve a honra de passar a noite no palácio real de Huis ten Bosch, residência do rei Willem-Alexander e da rainha Máxima, em Haia.
Mesmo com essas precauções, o presidente renovou dúvidas sobre o comprometimento dos EUA com a defesa mútua da Otan.
Durante sua viagem, questionado sobre o artigo 5 do tratado da Otan, relativo à ajuda mútua em caso de ataque a um país membro, Trump foi ambíguo: “Existem muitas interpretações do artigo 5”, disse, mas garantiu que pretende continuar sendo “amigo” dos aliados.
Rutte respondeu à polêmica afirmando que os EUA “estão completamente comprometidos com a Otan, totalmente dedicados ao artigo 5”.
Além disso, a cúpula deve discutir a continuidade do apoio à Ucrânia, incluindo uma reunião bilateral entre Donald Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.