A cada semana, Donald Trump emite novos sinais e faz ameaças sobre a possibilidade de os Estados Unidos agirem militarmente na América Latina. Nesta sexta-feira (5/12), Washington apresentou uma mudança em sua estratégia de segurança nacional, direcionando mais atenção para a região, onde Nicolás Maduro é um dos principais alvos da retórica agressiva.
Crise na América Latina
Desde agosto, os EUA estabeleceram um cerco militar na América Latina e Caribe, alegando combater o tráfico de drogas na região. Atualmente, navios de guerra, fuzileiros navais, caças F-35 e o maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, estão posicionados na área.
A região também é foco de uma operação militar chamada Lança do Sul, com o objetivo de intensificar os esforços norte-americanos contra o tráfico de entorpecentes. Dados do Pentágono indicam que 23 embarcações foram atacadas em águas caribenhas e do Oceano Pacífico durante a campanha militar, embora não tenham sido apresentadas provas públicas da ligação desses barcos com o tráfico de drogas.
Apesar dos objetivos declarados, a movimentação militar dos EUA suscita suspeitas, principalmente porque Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, é um dos principais alvos das ameaças de Trump. O líder chavista é apontado por Washington como o chefe do cartel de Los Soles, grupo recentemente classificado como organização terrorista internacional, o que abriu espaço para operações norte-americanas em outros países sob a justificativa do combate ao terrorismo.
Recentemente, Trump anunciou que as operações marítimas podem se expandir para atingir países da região que produzem e vendem drogas para os EUA. As ameaças também alcançam o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já acusado por Trump de envolvimento com o tráfico.
Segundo um documento da Casa Branca, o objetivo do republicano é restaurar a influência norte-americana na região por meio de uma reinterpretação da Doutrina Monroe — criada em 1823 para barrar o avanço de potências europeias nas Américas. O documento afirma: “Negaremos a competidores extrarregionais a capacidade de posicionar forças ou outras capacidades ameaçadoras, ou de possuir ou controlar ativos estrategicamente vitais em nosso hemisfério”. Esse ‘Corolário Trump’ representa uma reafirmação do poder e das prioridades dos EUA, alinhada aos interesses de segurança do país.
Essa reformulação da política militar norte-americana ocorre em meio a movimentações dos EUA na América Latina e Caribe, que, embora focalizadas no combate ao tráfico de drogas, afetam diretamente a Venezuela e seu líder, Nicolás Maduro.
Sinalizações recentes
A chance de um ataque ao território venezuelano aumentou nos últimos dias após declarações do presidente dos EUA. Na quinta-feira (4/12), Washington emitiu um comunicado solicitando a retirada imediata dos cidadãos norte-americanos da Venezuela, citando riscos de detenções ilegais, tortura, colapso do sistema de saúde e terrorismo no país comandado por Maduro.
Alguns dias antes, Trump usou a rede social Truth para anunciar o fechamento unilateral do espaço aéreo venezuelano. Apesar de ter mantido uma conversa telefônica com o líder venezuelano, diálogo que Maduro classificou como cordial, as medidas recentes adotadas por Washington costumam ser aplicadas em contextos de conflito iminente. Um exemplo disso foi em junho deste ano, quando os EUA autorizaram a retirada de pessoal do Oriente Médio antes de Israel atacar o Irã.

