Durante o shutdown do governo dos Estados Unidos, a Casa Branca iniciou uma reforma de grande escala autorizada pelo presidente Donald Trump. Na segunda-feira (20/10), a ala leste da residência oficial começou a ser demolida para a construção de um novo salão de baile com mais de 8 mil metros quadrados, que poderá receber cerca de 650 pessoas. O custo do projeto é estimado em 250 milhões de dólares (aproximadamente 1,43 bilhão de reais) e, conforme Trump, será financiado por recursos privados provenientes dele e de empresários dos setores de tecnologia, finanças e armamentos.
As equipes iniciaram a demolição pela entrada coberta e janelas da Ala Leste. O presidente declarou que o espaço será completamente modernizado, mas garantiu que a estrutura atual permanecerá intacta. Ele afirmou em julho que o local é seu favorito e que a obra respeita o edifício histórico existente.
O presidente republicano comunicou o início das obras pelas redes sociais, ressaltando a necessidade do novo salão de baile, um desejo de mais de 150 anos dos líderes americanos, que precisavam de um espaço adequado para recepções, visitas de Estado e eventos oficiais.
Entretanto, a reforma gerou críticas por acontecer em meio ao shutdown governamental, que já dura quatro semanas e impacta diretamente 1,4 milhão de servidores públicos, dos quais cerca de 900 mil estão afastados sem salário, e 700 mil continuam trabalhando sem remuneração. Estima-se que a paralisação cause perdas de até 2 bilhões de dólares por dia à economia dos EUA.
A congressista democrata Suzan DelBene, de Washington, criticou a escolha do momento para a obra, dizendo que “Trump está mais preocupado em transformar a Casa Branca em um salão de baile no estilo Mar-a-Lago do que em reabrir o governo ou garantir assistência médica às pessoas”.
Externamente, máquinas de grande porte decoradas com bandeiras americanas operam na ala leste, originalmente construída em 1902 e reformada em 1942, que abriga os escritórios da primeira-dama e espaços administrativos.
Especialistas em preservação histórica manifestaram preocupação com a grandiosidade do projeto. Robert K. Sutton, ex-historiador-chefe do National Park Service (NPS), ressaltou controversas frequentes em intervenções na Casa Branca e criticou a aparente pressa do processo atual.
O NPS, responsável pela administração da Casa Branca e áreas adjacentes, estabelece regras rigorosas para reformas, incluindo análise detalhada dos planos, revisão de custos e aprovação de arquitetos. Contudo, não está claro se o projeto de Trump seguiu esses procedimentos.
A Comissão Nacional de Planejamento da Capital, que supervisiona grandes projetos federais em Washington, também não confirmou o recebimento dos planos do novo salão. O presidente da comissão, Will Scharf, explicou que o órgão não possui jurisdição sobre demolições ou preparação de terrenos em propriedades federais.
Mesmo sem aprovação formal, a Casa Branca designou a empresa Clark Construction para conduzir a obra e o escritório McCrery Architects para o projeto arquitetônico. O arquiteto-chefe, Jim McCrery, destacou o objetivo de preservar a elegância do design clássico e valor histórico da residência. O Serviço Secreto ficará encarregado dos ajustes de segurança na nova estrutura.
Donald Trump promoveu diversas alterações na Casa Branca desde o começo do seu mandato. Neste ano, ele decorou o Salão Oval com detalhes dourados, substituiu parte do gramado do Jardim das Rosas por concreto para acomodar mesas e cadeiras, e inaugurou a “Calçada da Fama Presidencial”, onde são exibidos retratos de ex-presidentes dos Estados Unidos.