ALEXA SALOMÃO
FOLHAPRESS
Apesar de algumas exceções, a guerra comercial iniciada pelo presidente americano Donald Trump aumentou significativamente as tarifas aplicadas aos produtos brasileiros. Antes da nova política, os Estados Unidos cobravam em média 1,9% de imposto sobre as importações do Brasil. Com os recentes aumentos implementados em 6 de junho, essa média subiu para 32,2%, de acordo com um estudo da equipe de economistas da LCA Consultoria.
Embora o decreto assinado por Trump tenha excluído cerca de 44,6% das exportações brasileiras dessas novas tarifas, as alíquotas mais altas impostas aos demais produtos ainda causam um impacto considerável.
Antes da guerra comercial, 97% das exportações brasileiras tinham tarifas inferiores a 5%. Agora, as tarifas variam bastante: alguns produtos pagam 10%, enquanto outros enfrentam uma sobretaxa adicional de 40%, totalizando 50%.
O setor mais afetado é o agroindustrial, cuja tarifa média subiu de 4% para 40,8%. Outros setores bastante prejudicados são o químico, com aumento de 2,3% para 40,1%, minérios e aço, de 0,5% para 38,7%, e máquinas e equipamentos, de 0,8% para 38,2%.
Segundo Verônica Cardoso, diretora de economia do direito na LCA, o impacto varia dentro de cada setor, pois nem todos os produtos sofreram o mesmo aumento. Por exemplo, no setor agroindustrial, o café ficou de fora da isenção, enquanto o suco de laranja foi incluído; no setor de minérios e aço, alguns tipos de aço foram isentos; o mesmo ocorre no setor químico.
Setores como aeronaves e combustíveis tiveram suas tarifas elevadas de forma moderada, de zero para 10% e de 1,5% para 10%, respectivamente, principalmente porque a maior parte dos produtos desses segmentos foi mantida na lista de isenções.
A lista de exceções inclui 694 produtos, sendo a maioria relacionada a aeronaves (565 itens) e combustíveis fósseis (76 itens). Apenas alguns alimentos, como castanhas-do-pará, polpa e suco de laranja, ficaram isentos da nova tarifa.
Verônica Cardoso ressalta que, embora metade das exportações tenha sido mantida na lista de isenção, o aumento significativo das tarifas para os demais produtos não pode ser considerado um alívio para o comércio brasileiro.
A sobretaxa de 50% entrou em vigor na madrugada de 6 de junho e é a mais elevada aplicada até o momento. No mesmo dia, Trump também anunciou a intenção de impor uma tarifa de cerca de 100% sobre chips semicondutores importados, sem detalhar ainda o procedimento.