O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no domingo (1/12) que a corrupção permanece como um dos maiores obstáculos para a Ucrânia nas negociações de paz com a Rússia. O comentário ocorreu poucas horas depois de o secretário de Estado, Marco Rubio, ter recebido uma delegação ucraniana na Flórida. Conforme Trump, Kiev enfrenta “alguns desafios sérios”, agravados por “problemas contínuos de corrupção que prejudicam a situação”.
“A Ucrânia tem desafios sérios, desafios que não são fáceis de superar. Estamos lidando com uma situação persistente de corrupção, o que dificulta a resolução do conflito”, enfatizou o presidente.
Trump também expressou sua crença de que tanto a Rússia quanto a Ucrânia desejam o término da guerra e que “existe uma boa chance de alcançarmos um acordo”.
Desde o início do conflito, a Ucrânia enfrenta diversos escândalos de corrupção relacionados ao setor energético, resultando na queda de altos funcionários do governo do presidente Volodymyr Zelensky e provocando uma crise política no país.
A Agência Nacional Anticorrupção (NABU) revelou que Timbur Mindich, ex-sócio do presidente ucraniano, estaria envolvido em um esquema de propina estimado em cerca de US$ 100 milhões ligado à empresa estatal nuclear Energoatom. Após ser alertado sobre a investigação, Mindich fugiu do país.
Essa situação levou à acusação de sete pessoas e à renúncia de dois ministros. Membros da oposição afirmam que outros altos funcionários podem estar envolvidos. Na sexta-feira (28/11), Andrey Yermak, um dos assessores mais próximos de Zelensky e chefe da Presidência, deixou o cargo após buscas realizadas pela NABU em seu apartamento. Embora não tenha sido formalmente acusado, ele afirmou que a saída visava evitar complicações para o presidente.
Desde 2022, durante a invasão da Rússia, o governo ucraniano enfrenta repetidos casos ligados a contratos militares, compras emergenciais e recrutamento. Em 2023, o então ministro da Defesa, Oleksi Reznikov, foi demitido devido a irregularidades em aquisições para o Exército.
Nos últimos meses, autoridades foram detidas por fornecer armamentos defeituosos e por fraudes no processo de mobilização militar. Em julho, Zelensky tentou aprovar uma lei que enfraquecia a independência de organismos anticorrupção, mas acabou recuando.
A pressão exercida por Trump ocorre enquanto os EUA buscam avançar na mediação de um acordo de paz com Moscou. Segundo Rubio, as discussões com a delegação ucraniana na Flórida foram produtivas, mas aguardam a resposta russa. Essa questão será abordada pelo enviado especial americano, Steve Witkoff, em encontro com Vladimir Putin em Moscou, na terça-feira (2/12).