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sexta-feira, 26/09/2025

Treinamento de médicos generalistas ajuda a acelerar tratamento do paciente, diz SBR

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Desde a infância, Regiane Araújo Pacheco, artesã de 40 anos da cidade de Ipupiara, na Bahia, sofria com dores nos joelhos e quadril. Ela buscava ajuda médica localmente, mas só recebeu um diagnóstico definitivo quando, aos 15 anos, foi a São Paulo consultar especialistas.

Ela conta que antes desse diagnóstico teve crises intensas de dor que a impediram de andar. Em São Paulo, visitou vários médicos sem sucesso até ser diagnosticada com artrite reumatoide infantil por um reumatologista.

Ainda assim, as dores persistiram e, em 2008, após muitas viagens à cidade de Vitória da Conquista, ela foi diagnosticada com lúpus, doença para a qual faz tratamento até hoje.

Essa busca por diagnóstico e tratamento é chamada de jornada do paciente, que, no caso de Regiane, foi longa e difícil devido às grandes distâncias e demora para obtenção de atendimento especializado.

José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca que um dos maiores desafios da saúde é justamente reduzir essa jornada, especialmente para pacientes com doenças reumáticas.

Ele explica que muitos pacientes passam por vários médicos não especialistas antes de chegarem a um diagnóstico correto. Martinez defende o programa “Agora tem Especialistas”, criado pelo governo para aumentar o número de especialistas e, principalmente, encurtar a jornada do paciente.

Programa Agora Tem Especialistas

Esse programa do Ministério da Saúde visa diminuir o tempo de espera por consultas, cirurgias e exames no Sistema Único de Saúde (SUS), ampliando o atendimento especializado em áreas prioritárias como oncologia, ortopedia, ginecologia, cardiologia, oftalmologia e otorrinolaringologia.

A medida provisória que criou o programa foi aprovada pelo Congresso Nacional e aguarda sanção presidencial. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca que o programa traz inovações legislativas e promove a distribuição de especialistas em regiões que atualmente carecem desses profissionais.

Importância da Atenção Básica

Martinez aponta que, embora o programa seja positivo, é essencial melhorar a atenção básica para agilizar o atendimento inicial e facilitar o encaminhamento correto dos pacientes.

Ele exemplifica com a realidade de pacientes que vêm de cidades distantes para atendimento em centros especializados, enfrentando longas viagens e esperas. Uma melhor capacitação dos médicos generalistas poderia permitir que eles acompanhassem esses pacientes localmente, acelerando o tratamento.

Valderilio Azevedo, reumatologista da SBR, concorda que uma formação mais sólida dos médicos generalistas pode facilitar o diagnóstico e tratamento precoces, diminuindo a necessidade de encaminhamento imediato ao especialista.

Licia Maria Henrique da Mota, diretora científica da SBR, acrescenta que o problema também está na comunicação entre os serviços de saúde especializados e os de atenção básica, que precisa ser aprimorada para tornar o processo mais eficiente.

O Ministério da Saúde informa que tem aumentado significativamente os investimentos na Atenção Primária à Saúde, responsável por cerca de 70% do atendimento da população no SUS. O orçamento para esse nível de cuidado subiu de R$ 35,3 bilhões em 2022 para R$ 54,1 bilhões em 2024.

A Atenção Primária não apenas oferece cuidados através de médicos de família e comunidade, mas também integra ações de qualificação profissional e acompanhamento de condições crônicas, ajudando a reduzir o tempo de espera e encurtar a jornada do paciente até a atenção especializada.

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