Transferência de presos paulistas para penitenciárias de outros Estados causou exportação do modelo de crime organizado do PCC.
Em 1998 houve a primeira tentativa de isolamento dos chefes da facção paulista quando eles foram enviados para o Paraná.
Com o tempo, integrantes do bando paulista foram trocando informações e estabelecendo atuação para além das fronteiras do Estado de São Paulo.
O promotor do Ministério Público de São Paulo, Lincoln Gakiya, contou que as primeiras transferências foram decisivas para que o PCC cooptasse outros integrantes. “Na época não tínhamos os presídios federais e esses presos acabaram sendo espalhados por presídios no País e cooptaram outros integrantes. Isso foi um dos motivos para disseminar o PCC em Estados que até então não tinham conhecimento dessa facção”, disse.
No entanto, o juiz da Vara de Execuções Penais de Manaus avalia que as transferências para os estabelecimentos federais ajudaram a levar o problema para o Norte e para o Nordeste do País.
Luís Carlos Valois disse que essa tendência começou a se intensificar na região Norte a partir do meio da década passada. “Isso começou com a criação do sistema penitenciário federal”, afirmou.
Em Roraima, por exemplo, a atuação do PCC só começou a acontecer em 2013.
O pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Rafael Alcadipani, disse que as transferências podem até ser efetivas, se houver isolamento de fato. “Essa é uma questão que já é consenso entre os especialistas da área”, ressaltou.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, comentou nesta segunda-feira (16) que culpar as transferências por rebeliões é uma fantasia. Ele afirmou ainda que a resolução para o problema passa pela construção de penitenciárias de segurança máxima e adoção de regimes disciplinares diferenciados.
*Informações do repórter Tiago Muniz