O temporal que atingiu Petrópolis provocou alagamentos, deslizamentos de terra e deixou um rastro de devastação na cidade
O número de pessoas que morreram por causa das fortes chuvas que atingiram Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na terça-feira chegou a 104, informou o Corpo de Bombeiros do Estado na manhã desta quinta-feira. Outras 24 pessoas foram resgatadas com vida, mas ainda há buscas na região e alerta climatológico.
Segundo as autoridades, ao menos 13 crianças estão entre as vítimas e os primeiros corpos já identificados começam a ser liberados nesta quinta para velório e sepultamento.
Um caminhão frigorífico está sendo usado pelo Instituto Médico Legal (IML) para armazenar a grande quantidade de corpos resgatados.
Um cadastro preliminar feito pelo Ministério Público aponta para ao menos 35 pessoas sendo procuradas, sendo que informações extra-oficiais falam na possibilidade de até 400 desaparecidos.
O temporal que se abateu sobre a cidade provocou alagamentos, deslizamentos de terra e deixou um rastro de devastação na cidade, com casas destruídas e ruas cobertas de lama após as águas das chuvas baixarem.
A tragédia também gerou mobilização dos governos municipal, federal e estadual e o presidente Jair Bolsonaro prometeu ajuda à região e disse que visitará as áreas afetadas na sexta-feira, ao retornar de uma viagem internacional à Rússia e à Hungria.
Desde o final do ano passado, Estados brasileiros sofreram com desastres causados pelas chuvas, que provocaram devastação e morte na Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Buscas
O trabalho de buscas por pessoas desaparecidas em algumas áreas de deslizamento de encosta em Petrópolis, Região Serrana do Rio, como o Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, por exemplo, foi interrompido pelos bombeiros e retomado a partir das 5h30 desta quinta-feira. Os últimos pontos a encerrarem as atividades oficiais de busca nesta quinta-feira foram o da Vila Felipe, também em Alto da Serra, e o da Rua Flávio Cavalcante, no bairro Estrada da Saudade. Até o fim da noite de quarta-feira, o total de mortos chegava a 104.
No primeiro, bombeiros e moradores se recolheram por volta da 1h40. Num terceiro ponto — a clínica Orto Unic, na Rua Teresa, onde estão sendo procuradas três pessoas, entre elas um bebê —, os bombeiros também se retiraram por volta de 1h30, mas moradores e voluntários permaneceram por mais tempo, na esperança de resgatar parentes.
Da mesma forma, trabalho de reconhecimento de corpos no Instituto Médico Legal também será retomado na manhã desta quinta-feira, às 8h. Por volta das 23h desta quarta-feira, com a interrupção das atividades no instituto, já não havia familiares em torno do local.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os militares têm acessado todos os pontos seguros para as equipes e usam equipamentos como balão de iluminação, gerador, unidade rebocável de iluminação, refletores, headlamp e lanternas durante a noite e madrugada. O protocolo exige ainda militares com apitos para casos de novos desmoronamentos.
— Trabalhar à noite, com pouca iluminação, com solo encharcado, é sempre um desafio. Minha determinação é trabalhar incansavelmente em busca de vidas — disse o secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral dos Bombeiros, coronel Leandro Monteiro.
A corporação atua com mais de 500 militares de diversos quartéis. Até o fim da noite desta quarta, 24 pessoas foram resgatadas com vida.
Desaparecidos em clínica odontológica
Durante parte da madrugada, bombeiros e voluntários trabalharam nas buscas por uma mulher, um homem e um bebê que desapareceram após um deslizamento atingir o prédio da clínica Oral Unic, na Rua Teresa. Eles estão entre os desaparecidos em consquência da chuva que devastrou a Cidade Imperial, na última terça-feira. É possível que haja ainda outras pessoas sob os escombros, já que a clínica realizava atendimentos no momento.
Em meio aos destroços do prédio, os bombeiros encontraram documentos de outras quatro pessoas além das três que estão desaparecidas. Enquanto realizam as buscas, eles tentam levantar o número de telefone dessas pessoas e descobrir seu paradeiro. Durante a tempestade desta terça, a clínica foi atingida por um deslizamento de terra. Os fundos do edifício foram destruídos, e nada restou no local além de móveis destruídos e emaranhados de fios.