Representantes do Brasil e outros 16 países se reuniram na última sexta-feira (24) para defender um trabalho provisório na OMC com o objetivo de resolver acordos comerciais após uma paralisação do presidente dos EUA, Donald Trump.
Em entrevista ao Jornal da Manhã, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, falou sobre a ação e as perspetivas de crescimento do comércio mundial para 2020. Ele deve se reunir em breve com o presidente norte-americano para resolver a situação.
Azevêdo vê a criação de uma instância provisória como positivo. “É um direito deles, na verdade. É uma maneira pragmática de tratar uma situação. Não é o idela porque os EUA estariam de fora, mas é apenas um mecanismo interino.”
O diretor-geral da OMC deixou claro que essa não é uma determinação definitiva. “Nós não abandonamos os esforços de encontrar uma solução permanente. Esse é um mecanismo paliativo enquanto não encontramos um entendimento definitivo.”
Ele não faz previsões de como será o encontro com Trump. “Não quer especular como essas conversas vão avançar, nem a velocidade. O contato em Davos foi muito bom. Tivemos uma conversa muito honesta, mas genérica e superficial. Ele colocou as dificuldades dele, as críticas que já conhecemos em relação a OMC e ao próprio compromisso.”
“Ficou clara uma vontade política dele de encontrar soluções para fazer mudanças necessárias na OMC — e isso muitos membros concordam, ela precisa de reformar e se modernizar. Mas o que é modernização para uns, é retrocesso para outros. Tem que ser discutido entre todos os membros para chegar em um entendimento.”
Para ele, alguns assuntos podem ser discutidos com maior celeridade e outros não. “Acho que seria razoável uma abordagem pragmática. A exemplo do acordo da China, dividido em fase um e fase dois. Talvez seja uma coisa mais ou menos assim que precisamos fazer com a OMC.”
Projeções
De acordo com o Roberto Azevêdo, as projeções para o comércio mundial para 2020 não são as mais otimistas. “Os números de 2019 ainda não foram confirmados, mas estão por volta de 1,2% de crescimento. Isso está muito abaixo do crescimento médio histórico — que é de aproximadamente 5%. Para este ano prevemos algo em torno de 2,7%.”
Isso acontece porque, segundo ele, há uma incerteza muito grande no meio dos negócios por conta de guerras comerciais, tarifas. “O clima de investimento não é muito propício e sem investimentos não crescimento, criação de empregos.”
Em relação ao Brasil, Azevêdo acha que o Brasil faz muito bem em estabelecer vínculos mais estreitos com mercados consumidores. “A economia brasileira tradicionalmente se comporta de maneira fechada e isso leva a ineficiências. No longo prazo, uma abertura maior é um passo positivo.”