Em 2024, cerca de 1,65 milhão de crianças e adolescentes estavam envolvidos em algum tipo de trabalho infantil, seja para ajudar na renda da família ou para o consumo próprio. Deste total, 1,195 milhão estavam em empregos formais ou informais, incluindo 110 mil crianças com até 13 anos. Outros 455 mil, entre eles 261 mil crianças, trabalhavam em atividades voltadas apenas para o autoconsumo familiar.
Esses dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua: Trabalho de Crianças e Adolescentes 2024, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Analisando por faixa etária, 70,3% das crianças entre 5 e 13 anos realizavam apenas trabalhos para consumo próprio. Entre jovens de 14 a 15 anos, 74,4% estavam envolvidos em atividades econômicas, percentual que sobe para 89% na faixa dos 16 aos 17 anos.
Além disso, 19,5% dessas crianças e adolescentes trabalhavam 40 horas ou mais por semana.
Notavelmente, 66% das crianças e adolescentes em trabalho infantil eram pretos ou pardos, superando a participação deste grupo na população geral de 5 a 17 anos, que é de 59,7%. Também houve mais meninos (66%) do que meninas (34%) nessa condição.
O setor que mais empregava crianças e adolescentes era o comércio, com 30,2%, seguido pela agricultura, que absorvia 19,2%. Na faixa de 5 a 13 anos, a agricultura foi a principal atividade, com 38,5% do total.
Trabalho perigoso
Em 2024, havia 560 mil crianças e adolescentes envolvidos em atividades consideradas perigosas ou prejudiciais à saúde, o menor número desde 2016, caindo 5,1% em relação a 2023. Essa parcela representa 37,2% dos jovens envolvidos em trabalho econômico.
Esse grupo era majoritariamente formado por meninos (74,4%) e pessoas pretas ou pardas (67,1%).
O rendimento médio mensal desses jovens foi de R$ 845, enquanto aqueles em trabalhos perigosos recebiam em média R$ 789.
Benefícios sociais
Entre crianças e adolescentes de famílias que recebem o Bolsa Família, 5,2% estavam em situação de trabalho infantil em 2024, contra 4,3% na média geral da população de 5 a 17 anos. Porém, houve redução nessa taxa entre beneficiários em comparação a 2023.
Segundo o IBGE, o trabalho agrícola é mais comum entre crianças em famílias beneficiadas pelo Bolsa Família (30,3%) do que na população geral (19,2%).