24.5 C
Brasília
sábado, 18/10/2025

trabalhador por aplicativo recebe mais, mas trabalha por mais horas

Brasília
chuva fraca
24.5 ° C
24.5 °
20.6 °
53 %
1.5kmh
0 %
sáb
32 °
dom
30 °
seg
25 °
ter
24 °
qua
19 °

Em Brasília

Em 2024, trabalhadores que usam aplicativos tiveram uma média de renda mensal de R$ 2.996. Esse valor é 4,2% maior que o de trabalhadores que não utilizam essas plataformas, que ganham em média R$ 2.875.

Embora essa diferença já tenha sido maior — em 2022, os trabalhadores por meio de aplicativos ganhavam 9,4% a mais — os dados mostram que esses trabalhadores dedicam mais horas ao trabalho.

Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os chamados trabalhadores “plataformizados” trabalham cerca de 44,8 horas por semana, enquanto os demais têm uma jornada média de 39,3 horas semanais.

Isso indica que, apesar da renda maior, o valor recebido por hora é menor para quem usa essas plataformas, sendo R$ 15,4 contra R$ 16,8 dos demais trabalhadores.

Tipos de aplicativos

O estudo levou em conta pessoas a partir de 14 anos que trabalham por meio de serviços como:

  • Aplicativos de táxi;
  • Transporte particular de passageiros, como Uber e 99;
  • Entrega de comida e produtos, como Rappi e iFood;
  • Serviços gerais e profissionais, incluindo designers, tradutores e até médicos que atendem por telemedicina.

Ao todo, foram identificados 1,7 milhão de trabalhadores que utilizam essas plataformas.

Renda e escolaridade

A pesquisa também analisou a renda conforme o nível de escolaridade. Trabalhadores com ensino fundamental completo até médio incompleto recebiam em média 50% a mais do que a média nacional quando trabalham por aplicativos.

No entanto, para aqueles com nível superior, a renda dos que trabalham por plataformas é 29,8% menor do que a dos que não trabalham por aplicativo. Isso pode indicar que profissionais formados que não encontram vagas em sua área acabam optando por aplicativos, mas ganham menos do que esperavam.

Gustavo Fontes, analista do estudo, explica: “Muitas pessoas formadas dirigem por aplicativo para garantir uma renda, mesmo que não seja a ocupação ideal.”

Informalidade

O estudo revelou que quem trabalha por plataformas enfrenta mais informalidade e menor contribuição previdenciária.

Enquanto 43,8% dos trabalhadores em geral estão na informalidade, essa taxa sobe para 71,7% entre os que trabalham por plataformas. Da mesma forma, 61,9% dos não plataformizados contribuem para a previdência, mas apenas 64,1% dos plataformizados possuem essa proteção.

Motoristas

Em 2024, havia 1,9 milhão de motoristas no Brasil, sendo 43,8% deles trabalhadores por aplicativos, totalizando 824 mil pessoas. Os motoristas por apps ganhavam em média R$ 2.766 por mês, valor R$ 341 maior que o dos motoristas não plataformizados.

Esses motoristas também trabalhavam cinco horas a mais por semana e recebiam uma média por hora muito próxima.

Entretanto, a contribuição previdenciária entre motoristas por aplicativo era de apenas 25,7%, enquanto mais da metade (56,2%) dos motoristas não plataformizados tinham essa proteção.

A informalidade era elevada entre motoristas de app: 83,6%, contra 54,8% dos demais motoristas.

Motociclistas

O cenário para motociclistas era semelhante: 1,1 milhão de pessoas trabalham com motos, das quais 33,5% usam apps como meio principal de trabalho.

Esses motociclistas por aplicativos tinham rendimento médio mensal de R$ 2.119, 28,2% maior que os motociclistas não plataformizados.

Trabalhavam em média 45,2 horas por semana, e recebiam R$ 10,8 por hora, valor maior que os demais motociclistas.

A contribuição previdenciária também era menor para motociclistas plataformizados (21,6%) em comparação com os não plataformizados (36,3%), enquanto a informalidade era mais alta (84,3% contra 69,3%).

Discussão sobre vínculo empregatício

Reivindicações por reconhecimento de vínculo empregatício entre trabalhadores por aplicativos e as plataformas têm sido objeto de debate. Categorias como motoristas buscam maior proteção legal para evitar a precarização do trabalho, enquanto as empresas discordam dessas alegações.

O tema está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF) e deve ser retomado em breve. Um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sugere que o STF não reconheça o vínculo empregatício.

Fonte: Agência Brasil

Veja Também