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quarta-feira, 13/08/2025

Todos são terroristas para Israel, diz jornalista de Gaza

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Rami Abou Jamous, fundador do Gaza Press e jornalista palestino, expressa sua profunda indignação pelo ataque ocorrido no último domingo (10/8) que resultou na morte de seis colegas em Gaza. Em entrevista à RFI, ele critica a completa impunidade do Exército israelense e faz um apelo para proteger os poucos jornalistas que ainda conseguem relatar a guerra na região.

A Faixa de Gaza sofre com a perda de civis, a crise de fome e a eliminação dos poucos jornalistas que transmitem ao mundo os horrores de um conflito que já dura quase dois anos. Recentemente, o Exército israelense atacou intencionalmente uma tenda onde trabalhava um grupo de profissionais da imprensa, entre eles Anas al Sharif, reconhecido correspondente da emissora Al Jazeera.

Israel confirmou que o repórter era o alvo principal, alegando que Anas al Sharif era um “terrorista” se passando por jornalista, acusação que provocou forte revolta e contestação da ONU, União Europeia e da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que classificou o correspondente como “a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinos de Gaza”.

Para Rami Abou Jamous, apesar das denúncias, pouco é feito para mudar a situação na prática. Ele enfatiza a necessidade urgente de interromper o conflito e proteger tanto os civis quanto os jornalistas. Até o momento, mais de 200 profissionais da imprensa foram mortos nessa guerra, enquanto reina a impunidade.

De acordo com a RSF, cerca de 45 jornalistas estavam trabalhando durante os ataques em Gaza, o que não surpreende Jamous, que afirma que todos são vistos como terroristas pelo Exército israelense. Ele refuta qualquer ligação de Anas al Sharif com o grupo Hamas, lembrando a dedicação constante do jornalista à cobertura da guerra.

Ao comentar fotos divulgadas pelo governo israelense que associam o correspondente ao Hamas, Jamous observa que outros jornalistas também posaram com as mesmas pessoas, mas nunca foram acusados de envolvimento com armas. Ele denuncia também uma distorção dos fatos, lembrando que certos jornalistas mantêm laços com figuras polêmicas como Benjamin Netanyahu, que enfrenta acusações no Tribunal Penal Internacional.

O fundador do Gaza Press alerta para os perigos que os jornalistas enfrentam, afirmando que o Exército israelense deseja cometer seus crimes sem testemunhas. Ele ressalta que o bloqueio do enclave faz com que a cobertura do conflito dependa majoritariamente de jornalistas locais, enquanto o governo israelense só recentemente anunciou a intenção de permitir jornalistas estrangeiros acompanhados por militares, sem data definida.

Mesmo ciente dos riscos que ele e seus colegas correm, Rami Abou Jamous destaca a importância de continuar a cobertura para que o mundo conheça a realidade na Palestina, especialmente em Gaza. Ele reconhece que podem perder a vida a qualquer momento, mas acredita que é fundamental continuar o trabalho jornalístico para revelar o que acontece no território.

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