A Ivoneide Matos, tia e madrinha do universitário João Gabriel Matos da Silva, de 20 anos, que faleceu na tarde de quinta-feira (14/8) após ser baleado por um policial civil no Recanto das Emas, declarou que o agente “atirou para matar”.
Em entrevista na 27ª Delegacia de Polícia, Ivoneide relatou que João Gabriel estava dando carona a um amigo quando foi atingido pelos disparos do policial. “Disseram que o policial se alterou, ficou nervoso e começou a gritar. Ele atirou pelas costas, atravessando o braço do adolescente que estava na garupa e atingindo o corpo do Gabriel”, contou emocionada.
Testemunhas informaram que, mesmo caído no chão, o jovem ainda respirava e pedia socorro, mas o policial impediu que alguém se aproximasse. João Gabriel estava usando capacete e sofreu asfixia devido ao ferimento provocado pelo tiro.
A família está profundamente abalada e busca justiça pela perda trágica do jovem. “O policial matou porque quis. Eles tiraram a vida do meu sobrinho”, lamentou Ivoneide.
João Gabriel cursava tecnologia da informação na Estácio e, no dia do ocorrido, havia trabalhado ajudando o pai na reforma da residência da família, localizada no Recanto das Emas. Ele era filho único.
Detalhes do ocorrido
O incidente ocorreu na Quadra 509 do Recanto das Emas. Conforme relatos de vizinhos, um policial civil estava entregando uma intimação num veículo descaracterizado quando João Gabriel passou de moto com um adolescente de 15 anos na garupa.
O policial abordou os rapazes por suspeita, e durante a abordagem foram disparados dois tiros: um atingiu o corpo de João Gabriel e o outro feriu o adolescente no braço. O universitário morreu no local, enquanto o menor foi levado ao Hospital Regional de Ceilândia.
Testemunhas contaram que o policial teria ordenado que João Gabriel descesse da moto, mas por estar à paisana, o jovem pode ter confundido o agente com um criminoso e tentado fugir, momento em que os disparos foram efetuados.
Reação da comunidade
Durante a perícia, familiares e amigos se reuniram para homenagear João Gabriel e protestar contra a ação do policial, descrita como desastrosa pela comunidade local. Muitos manifestaram revolta e tristeza, demonstrando apoio à família.
Em resposta, diversas pessoas se dirigiram à porta da delegacia para protestar, o que levou a reforço na segurança da unidade policial durante a noite.