O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado de liderar um suposto plano para contestar a vitória de Lula nas eleições de 2022, é destaque na edição da revista britânica The Economist desta quinta-feira (28/8). A publicação traz uma análise do processo envolvendo Bolsonaro e seus aliados, que definem como uma “lição de democracia para os Estados Unidos”.
A matéria ressalta que o julgamento de Bolsonaro transforma o Brasil em um teste para a recuperação de países que enfrentam crises populistas e faz críticas contundentes aos Estados Unidos e outras nações que vivem polarização política intensa.
Bolsonaro aparece na capa da revista com uma imagem editada, onde está com as mãos cruzadas, o rosto pintado de verde e amarelo e usando um chapéu viking, similar ao usado por um apoiador de Donald Trump durante a invasão do Capitólio em Washington, em 6 de janeiro de 2021.
Segundo o texto, “o Brasil oferece uma lição de democracia para uma América que está se tornando mais corrupta, protecionista e autoritária”.
A reportagem também prevê que, apesar da pressão de Trump, Bolsonaro e seus aliados têm poucas chances de escapar de uma condenação, e destaca que Trump tentou influenciar o caso aplicando tarifas e usando a Lei Magnitsky como ferramenta de pressão.
“Esta situação remete a um passado sombrio, quando os Estados Unidos frequentemente desestabilizavam países latino-americanos. Felizmente, a interferência do senhor Trump provavelmente não terá sucesso”, afirma a matéria.
A matéria é publicada em inglês e requer assinatura para leitura completa.
Julgamento de Bolsonaro se aproxima do fim
A publicação ocorre poucos dias antes da conclusão do julgamento de Bolsonaro, marcada para 2 de setembro, em um momento em que o sistema judiciário brasileiro está sob considerável pressão por parte do governo dos EUA, que possivelmente busca uma anistia para o ex-presidente.
O presidente dos Estados Unidos fez críticas e aplicou sanções a autoridades brasileiras numa tentativa de influenciar o Supremo Tribunal Federal (STF) a ser flexível no julgamento envolvendo Bolsonaro e seus aliados.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi alvo de intimidações através de publicações por membros do governo Trump na rede social X (antigo Twitter) e também sofreu sanções, assim como outros ministros e políticos brasileiros.
Bolsonaro será julgado em setembro pelo STF sob acusação de liderar uma organização criminosa armada com o objetivo de impedir que Lula assumisse a presidência após as eleições de 2022.