Descendentes do último imperador da Áustria, da notória Casa de Habsburgo-Lorena, revelaram nesta quinta-feira (6/11) uma coleção exclusiva de joias que ficou guardada em um cofre bancário no Canadá desde a Segunda Guerra Mundial.
O paradeiro destes itens foi mantido em sigilo familiar por mais de cem anos. As peças foram levadas ao Canadá quando os herdeiros fugiram do regime nazista em 1940.
Dentre as joias encontradas está o famoso diamante Florentino, envolto em diversas histórias sobre seu paradeiro e amplamente considerado desaparecido.
Joias cruzam o Oceano Atlântico
Após serem exilados da Áustria em 1919, ao término da Primeira Guerra Mundial, a família do último imperador austríaco, Carlos 1º, teve a maior parte de seus bens confiscados.
Somente uma pequena fração da fortuna pessoal — incluindo joias particulares — foi levada para a Suíça. As joias oficiais da coroa ficaram expostas em Viena, onde permanecem até hoje.
Depois do falecimento de Carlos 1º, em 1922, a ex-imperatriz consorte da Áustria, Zita de Bourbon-Parma, determinou que os herdeiros mantivessem o segredo sobre as joias por cem anos, buscando garantir a segurança da família.
Zita e seus filhos enfrentaram perseguição pelo regime nazista por oposição a Adolf Hitler. Para escapar, a família fugiu para o Canadá, passando pela França e Portugal antes que sua residência na Bélgica fosse bombardeada pelas forças alemãs.
As joias foram transportadas em uma mala marrom e levadas com segurança para Quebec, no Canadá, em 1940.
O diamante Florentino e outras preciosidades
Entre as peças está o diamante Florentino, com 137 quilates. De tonalidade amarela e tamanho semelhante ao de uma noz, o diamante já foi considerado um dos maiores lapidados do mundo, apesar de não se comparar aos cortes modernos obtidos graças aos avanços na mineração.
Esse diamante fez parte do tesouro do Grão-Duque da Toscana, em Florença, sendo também conhecido como Diamante Toscano. Passou para os Habsburgos por meio de casamento após a morte do último membro da família Médici de Florença.
O desaparecimento do diamante despertou grande interesse da mídia e inspirou filmes e romances ao longo do último século, com várias teorias sobre seu destino. Algumas delas sugerem que os descendentes de Carlos 1º teriam vendido a pedra, outras que ela teria sido roubada e levada ilegalmente à América do Sul. O governo italiano chegou a reivindicar a joia, porém seu paradeiro permaneceu desconhecido, fazendo muitos duvidarem que a pedra fosse vista novamente.
Além do diamante, a coleção possui itens que pertenciam à imperatriz Maria Teresa da Áustria, à rainha Maria Antonieta e ao imperador Francisco 1º. Especialistas independentes confirmaram a autenticidade das peças.
Gratidão ao Canadá e planos para exposição
Em comunicado, Karl von Habsburg, político austríaco e neto de Carlos 1º, declarou que chegou o momento de as joias serem apresentadas ao público.
“Como descendentes do imperador Carlos I e da imperatriz Zita, estamos honrados em mostrar essas peças de importância cultural e histórica para todos”, afirmou, expressando também sua gratidão ao Canadá.
“Queremos agradecer ao povo canadense que ofereceu refúgio seguro à nossa família em 1940, protegendo-a em tempos muito difíceis.”
Karl von Habsburg revelou que só teve conhecimento do local onde estavam guardadas as joias no ano passado, quando dois primos lhe contaram sobre o cofre. As peças devem ser exibidas em breve, inicialmente no Canadá.
Atualmente, a coleção está sob custódia de uma instituição canadense, com os descendentes dos Habsburgos como beneficiários.
A família Habsburgo, com alguns períodos de interrupção, forneceu inúmeros reis e imperadores ao Sacro Império Romano-Germânico desde 1273. Após o desmembramento do império em 1806, passou a ser a casa imperial austríaca, que perdurou até o fim da Primeira Guerra Mundial.
